Em meio ao ambiente recheado de cultura proporcionado pelo recém-inaugurado Instituto Cultural Taru, em Caxias do Sul, poucas coisas têm chamado mais a atenção dos visitantes do que uma estante com algumas dezenas de volumes embalados em papel pardo, com alguns escritos em caneta hidrocor na parte frontal. Um convite à curiosidade de quem identifica ali a forma de livros que não se deixam reconhecer pela capa encoberta. Trata-se do projeto Encontro às cegas com um Livro, que em poucas semanas já chegou à segunda edição.
A ideia foi da designer Vitória Zanotti, que trabalhou nos primeiros dias da cafeteria instalada junto à sede do instituto, no bairro São Pelegrino. A inspiração foi nos populares encontros às cegas entre pessoas, promovidos por agências ou programas de TV. Os pretendentes, porém, são exemplares que foram doados ao Taru, e cuja venda (todos custam R$ 17) tem o valor revertido para a manutenção do instituto. Com 30 exemplares na primeira edição, o acervo foi renovado após a venda de dois terços em poucos dias.
— Eu fiquei muito feliz com o resultado. A ideia nem era fazer uma segunda edição tão cedo, mas em menos de um mês vendeu quase tudo. Ontem (quinta-feira passada) fiz a segunda leva. Acho que essa forma mais lúdica de tratar os livros despertou a curiosidade das pessoas, faz elas olharem com mais carinho. Fico com um sentimento de missão cumprida — celebra Vitória, que é natural de São Leopoldo e mora em Caxias há quatro meses.
Entre os autores que estavam na primeira leva de livros, foram contemplados desde clássicos em poesia e prosa, como Erico Verissimo, Virginia Woolf e Edgar Allan Poe, até autores locais como Helô Bacichette e Marília Frosi Galvão. Em tópicos, as dicas fazem referência ao gênero e nacionalidade do autor ("ele tem sotaque paulista", ou "ela tem sotaque alemão") ou ao tema da obra ("aprecia as transições da vida", "gosta de debater religião, ciência e senso comum", "aprecia a poética dos paradoxos").
— Alguns eu já li, outros eu procuro a resenha na internet pra fazer as descrições. Em todos eu uso essa licença poética de falar dos livros como pessoas, brincando com a questão dos encontros amorosos — acrescenta a designer.
Entre os novos livros que estão à espera dos "crushs", é claro que a surpresa será mantida. Mas um de seus autores, que tem sotaque gaúcho e adora falar sobre as aventuras e desventuras do amor, a gente pode revelar: Fabrício Carpinejar. Os outros, só abrindo o pacote.
Leia também
Agenda: Instituto Cultural Taru, em Caxias, recebe a banda Catavento na terça-feira
Agenda: Thedy Corrêa e Luiz Marenco fazem show na próxima quarta, em Caxias
Agenda: Ciranda do Pensamento discute sobre "Novas famílias" na terça, em Caxias
3por4: Festival de Gramado 2018 terá edição mais inclusiva da história
Nivaldo Pereira: o brilho de cada um