Quando o responsável pela marca Hard Rock no Brasil ouviu de um empresário interessado em abrir uma unidade do principal restaurante temático do mundo em Gramado, cidade de 35 mil habitantes e sem aeroporto, a resposta foi irônica:
– Tu não conheces São Paulo ou Rio de Janeiro?
A proposta, contudo, era séria e apostava no potencial turístico da cidade que recebe 6,5 milhões de visitantes por ano e cuja capacidade de leitos regula com a cidade do Rio de Janeiro. Dois anos e muitas pesquisas de mercado depois – contratadas tanto pelos sócios envolvidos no negócio quanto pelo escritório internacional – o empreendimento está pronto para ser inaugurado neste domingo. Será apenas a segunda casa no Brasil (a primeira fica em Curitiba), de 190 espalhadas por 73 países.
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Entre os quatro sócios à frente do Hard Rock Gramado, o farroupilhense Fabiano Feltrin, o caxiense Eduardo Sonda e os irmãos gramadenses Guilherme e Gabriela Michaelsen, a expectativa é alta. Fatores como o clima frio da cidade e o perfil de consumo dos turistas fazem crer que a casa pode se tornar uma das mais valiosas da companhia no mundo:
– A maioria dos Hard Rock do mundo tem 30% do movimento ao meio dia e 70% à noite. Em Gramado, acreditamos que teremos muita procura também à tarde, na cafeteria. E também pelo fator frio, teremos um incremento de venda na loja de souvenires, que venderá tanto a camiseta quanto jaquetas, gorros, mantas da marca – aponta Fabiano Feltrin, também conhecido por fazer cover de Elvis Presley (foi o prêmio em um concurso sul-americano de covers em 2015, que previa um contrato para apresentações nos restaurantes, que aproximou Feltrin da Hard Rock).
Instalado em um prédio de três pisos na área central, a estrutura para 556 pessoas conta com loja de souvenires e pub no térreo, um restaurante no primeiro andar e um centro de eventos no segundo. Além das cafeterias, que ficam no térreo e no primeiro andar. Cada área conta com um gerente específico e ao todo são cerca de 200 funcionários, fora equipes que prestam serviços como segurança e limpeza. A culinária segue o padrão da rede, de pratos típicos norte-americanos, como o hambúrguer e a costelinha de porco. Para garantir o melhor atendimento possível, os gerentes passaram por seis meses de treinamento e os demais funcionários estão sendo treinados há dois.
– Pode ser a pessoa mais importante do mundo ou o cidadão que quiser apenas entrar e tirar fotos, o tratamento será o mesmo, com muito calor humano. O Hard Rock não faz reservas, nem dá qualquer privilégio. O atendimento é apenas por hora de chegada – acrescenta Feltrin.
Além da culinária, outro atrativo é a música ao vivo. O palco, no térreo, pode ser visto em qualquer ambiente do prédio. Apenas em luz e iluminação, o investimento foi superior a R$ 1 milhão, para garantir a melhor qualidade. Os shows devem ocorrer de quinta-feira a sábado à noite, e serão em grande parte tributos a bandas clássicas de rock, para dialogar com o grande apelo da marca junto ao público e à comunidade roqueira.
O Hard Rock Gramado está localizado na Rua Wilma Dinnebier, 180. O atendimento será diário, sempre a partir das 11h.
10 itens imperdíveis do Hard Rock Gramado
Museu da música
Quando Eric Clapton, em 1971, doou uma guitarra assinada para adornar a parede do Hard Rock original, em Londres, outro gigante do instrumento, Pete Thowsend, ficou com ciúmes. O guitarrista do The Who então doou uma guitarra igualmente autografada, mas acompanhada de um bilhete: “A minha é melhor! Com amor, Pete”.
Surgiu assim a tradição do restaurante temático de ter suas unidades repletas de itens doados ou adquiridos de famosos, num acervo que beira 80 mil unidades, entre instrumentos, trajes e acessórios.
Em Gramado, a memorabilia que pode ser conferida pelos fãs de rock ou da música pop dispõe de pouco mais de 200 itens que garantem uma visitação tão divertida quanto emocionante. Entre as guitarras, a parte mais valiosa da coleção, há instrumentos que pertenceram a Carlos Santana, Roy Orbison, Johnny Cash, Keith Richards (The Rolling Stones), Joe Perry (Aerosmith), Johnny Ramone (The Ramones), entre outros. Entre os trajes há um terno da coleção pessoal de Elton John, uma camisa de Elvis Presley, vestidos utilizados por Katy Perry e Beyoncé, um paletó do guitarrista do Black Sabbath, Tony Iommi. Também são bacanas acessórios como óculos escuros de Slash e Frank Zappa e chapéus utilizados por Madonna e Michael Jackson.
Feltrin explica que os objetos pertencem ao acervo da Hard Rock e são locados às unidades (o que no mundo corporativo se chama de leasing), que pagam mensalidade por eles. Tanto a escolha dos itens quanto o local onde ficarão expostos são escolhidos pela empresa, sem qualquer gerência dos franqueados. O acervo pode ser renovado a cada cinco anos.
– Para os fãs, esse verdadeiro museu do rock é a grande atração. Um objeto que pertenceu a um artista já falecido, por exemplo, pode atingir a cifra de um milhão de dólares – destaca o empresário.
Marca nasceu em Londres
Fundado em 1971 pelos norte-americanos Isaac Tigrett e Peter Morton, o Hard Rock teve sua primeira unidade em Londres, numa casa próxima ao Hyde Park, principal parque da capital inglesa. Voltado para os fãs de rock’n’roll, tinham na decoração diversos itens em alusão a esse universo, o que fez muito sucesso em uma das cidades mais roqueiras do mundo.
A expansão para o mundo começou nos anos 1980, com a inauguração de unidades em grandes cidades dos Estados Unidos e de outras capitais europeias, como Berlim e Paris. Em paralelo com a popularização e a glamourização, viraram febre as camisetas com o logo da marca e o nome da cidade correspondente abaixo. Mais recentemente, além de restaurantes, a marca passou a investir em hoteis e cassinos.
Com quase meio século de história, vende a si mesma como um paraíso para fãs de música, comida e diversão.