A tradição que teve início com as celebrações do general francês Napoleão Bonaparte, que degolava garrafas de champanhe com um único golpe de sabre para festejar batalhas vitoriosas, é um ritual cada vez mais identificado com a festa do champanhe de Garibaldi, a Fenachamp. Na tarde do último sábado, a edição 2017 do sabrage coletivo reuniu 380 participantes, número maior que o próprio recorde de 2013, quando a equipe do Guinness Book esteve presente para registrar 365 garibaldenses aplicando o golpe certeiro nas garrafas de espumante.
A cultura do sabrage agrega homens, mulheres, famílias inteiras. A separação por gênero – primeiro sabram as mulheres, depois os homens – foi para que maridos e esposas pudessem utilizar o mesmo sabre. A adrenalina fica por conta da expectativa quanto à eficácia do golpe, que tem de se certeiro. Enquanto um executa, os familiares ficam na torcida a uma distância segura, tiram fotos, aguardam com taças em mão pelo brinde da garrafa decapitada. Parte da programação da Festa do Espumante Brasileiro desde 2009, o sabrage ganha novos adeptos a cada ano, em grande parte turistas. A última edição teve 222 homens e 158 mulheres participantes, sendo que apenas nove garrafas não foram sabradas, aproveitamento exaltado pelo locutor oficial.
O advogado Ivan Brugalli, 54, que participa desde o primeiro sabrage, explica que os sabres utilizados normalmente não têm ponta, nem fio (o que explica a circulação sem restrições pelo parque, já que não representa risco à integridade física). São comprados muitas vezes nas próprias vinícolas ou em lojas de facas, e podem custar de R$ 150 a R$ 1,5 mil. Brugalli destaca que o segredo está na habilidade, e não na força.
– O sabre é colocado de “prancha” junto à parte mais larga da garrafa, e na hora de sabrar apenas desliza em direção ao gargalo, que deve sair inteiro. Como a pressão na garrafa é muito grande, com qualquer toque ela já explode pra cima. As pessoas perguntam se há risco de cair cacos de vidro dentro da garrafa, mas não há, porque a pressão interna é muito maior que a de fora. O que ocorre é a perda de um pouco da qualidade da bebida, porque a perlage (borbulha) irá diminuir devido à forma como a garrafa foi aberta. Mas, até por isso, esse ritual só é feito em ocasiões especiais, e não no dia a dia – explica.
Entre as mulheres, uma das maiores entusiastas é Marlene Nichel, 55, ex-presidente do Conselho de Turismo de Garibaldi e integrante da comissão organizadora do sabrage. Marlene lamenta que este ano, por conta do mau tempo no fim de semana, parte considerável dos 520 inscritos não compareceu ao ritual. Mas destaca que a tradição vem crescendo por oferecer uma experiência tão simples quanto surpreendente, principalmente a quem chega de fora:
– É algo que sempre aconteceu, tanto nas cantinas quanto nas casas das pessoas. É comum receber os amigos e fazer o sabrage como uma forma de proporcionar algo diferente, que é legal tanto de olhar quanto de fazer. Sempre dá uma sensação boa de vitória, quando a gente consegue (risos). Nada melhor do que, de dois em dois anos, poder celebrar o sabrage na festa para torná-lo cada vez mais conhecido.
Programe-se
A Fenachamp 2017 segue até o dia 29 de outubro, sempre às sextas, aos sábados e aos domingos.