"Não vou mais ter medo de nada". Foi o que disse a artista plástica Terezinha Finger quando decidiu dedicar-se à pintura. Hoje, cinco anos depois, ela abre a exposição Das dores às cores, na Galeria Municipal de Arte Gerd Bornheim, com 40 obras inéditas.
Na primeira vez que decidiu pintar, Tere não tinha sequer o material básico para realizar a atividade:
– Eu estava passando por um momento difícil. Decidi me arriscar, começar a pintar. Não tinha pincéis, pintei tudo com as mãos. Depois daquele dia, nunca mais parei.
As obras, feitas com tinta acrílica sobre tela e papel, trazem forte influência expressionista, com uma temática de corpos expressivos, carregados de simbolismos. Vinda de uma família numerosa, a figura da mãe e do irmão Emílio, portador de paralisia infantil, foram grandes referências no processo criativo da artista.
As telas trazem contradições que o próprio espírito de Tere representa: felicidade, tristeza, aconchego e solidão. Através dessa representação maniqueísta nas telas, ela alcança algo muito mais profundo além delas: a reflexão da relação das pessoas com a vida.
– Eu gosto dessa coisa de forte, de fraco. Eu adoro isso. Justamente para agredir ou para tocar. Dizem que o meu trabalho é triste, mas algumas das minhas vivências são tristes. Eu retrato a vida real, e parte dela maltrata. Mas não deixa de ser colorida. Meu novo trabalho traz muito das cores à tona. Vou das dores às cores – conta.
A artista teve seu trabalho reconhecido recentemente ao ser convidada a participar da 4ª Bienal Internacional Mulheres D'Artes, em Portugal, com a obra Finitude. Além disso, recebeu um pedido especial do diretor de cinema Bruno Saglia, que solicitou uma releitura do pintor austríaco Gustav Klimt para o filme brasileiro Diminuta.
Formada em Artes Visuais, Tere sempre esteve envolvida com a arte, mas passou a pintar apenas depois dos 50 anos. Segundo ela, a principal motivação para seguir em frente é a paixão:
– Eu tenho prazer em fazer isso. Por mim nem dormiria. Eu pinto, danço, extravaso. Às vezes só quero limpar o container mesmo. O importante é a obra sair de mim, ser vista. O meu trabalho somente no ateliê não respira, não vive. Ele tem que respirar fora de mim, fora das minhas paredes.
PROGRAME-SE
O que: exposição Das dores às cores, de Tere Finger
Quando: Visitação até 27 de maio, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, e aos sábados, das 10h às 16h
Onde: Galeria Municipal de Arte Gerd Bornheim (Rua Dr. Montaury, 1.333 - Casa da Cultura), em Caxias do Sul (RS)
Quanto: entrada franca
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A curadoria é de Silvana Boone