A trajetória dos irmãos Paul (1863/1955) e Camille Claudel (1864/1943) ganha ótica íntima no documentário francês Claudel, Um Novo Olhar, que será exibido em Caxias nesta quinta. Isso porque a impressionante história do escritor e da escultora é narrada na telona por Renée Nantet-Claudel, filha de Paul que, aos 99 anos, conta detalhes do pai e da tia reconhecidos no mundo todo como grandes artistas de seu tempo. A sessão gratuita é promovida pela escola Aliança Francesa e contará com a presença da diretora Florence Bonnier.
A diretora conheceu Renée em meados de 2000, quando a herdeira de Paul Claudel organizava um festival de teatro sobre a obra do pai, que era poeta e dramaturgo. A personalidade marcante da idosa logo fez com que a cineasta descobrisse uma personagem riquíssima para o cinema.
– Já nos primeiros contatos eu rapidamente descobri o caráter forte de Renée, mas também seu humor, sua gentileza, sua humanidade e sua erudição sobre a obra de Claudel (...). Descobri uma mulher extraordinária, comovente, aberta para o mundo e com muito a dizer. Ela é uma pessoa que tem uma energia muito bela e que dedicou a maior parte de sua vida para divulgar a obra de seu pai – comenta a diretora, em entrevista ao Pioneiro por e-mail.
Justamente por esse empenho de Renée com a obra do pai, o documentário acaba priorizando a história de Paul Claudel, conduzida pelas memórias da filha. Entre as surpresas que surgem, está a descoberta da forte ligação do escritor com o Brasil. Claudel foi diplomata e viveu no Rio de Janeiro em 1917, época da Primeira Guerra Mundial. Muitas curiosidades envolvem a passagem do francês pelo Brasil, como a amizade com Rui Barbosa e o intercâmbio artístico estabelecido por aqui. Claudel considerava sua missão brasileira "a mais interessante d aminha vida", o que incentivou Florence a escolher o país como destino na primeira turnê do documentário fora da terra natal.
– Foi no Brasil que ele começou a escrever Le Soulier de Satin. O país influenciou a atmosfera da peça e sua situação geográfica. Pessoalmente, eu fico muito emocionada de, 99 anos mais tarde, caminhar nos passos de Paul Claudel – revela a cineasta.
A polêmica relação ente os irmãos Paul e Camille (o poeta foi muitas vezes acusado de ter forçado a irmã a ficar num manicômio) é contada no filme por quem manteve laços afetivos com ambos artistas. E o documentário acaba, assim, também fazendo com que o espectador descubra Renée, uma Claudel pouca conhecida mas representante legítima da veia artística familiar:
– Por várias vezes, Renée acompanhou seu pai nas visitas a Camille, em Montfavet, onde Camille viveu quando doente. É absolutamente correto afirmar que esse filme é também uma homenagem a essa mulher que trabalhou nos bastidores com paixão.(...) É uma família complicada, como a maioria das famílias onde há um gênio, e nesse caso são dois. Durante bastante tempo a família esteve em conflito, uma parte a favor de Paul e outra a favor de Camille. Renée foi um elemento muito importante para amenizar esse conflito.
PROGRAME-SE
:: O que: sessão comentada do documentário Claudel, Um Novo Olhar
:: Quando: nesta quinta, às 18h30min
:: Onde: na sede da Aliança Francesa (Coronel Flores, 749)
:: Quanto: entrada franca
Cinema
Caxias recebe sessão de documentário francês sobre os irmãos Paul e Camille Claudel
Exibição gratuita ocorre nesta quinta e terá presença da diretora Florence Bonnier
Siliane Vieira
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