Corria o ano de 1916 quando foi feita a primeira gravação de um samba no Brasil: Pelo Telefone, de Ernesto Joaquim Maria dos Santos, o Donga, e Mauro de Almeida. O ritmo, porém, já embalava a cultura popular dos afrodescendentes – inclusive em Caxias do Sul. Um pouco dessa história poderá ser conferida, a partir desta quarta, na exposição O Samba da Minha Terra, que faz um resgate da trajetória desse estilo musical no país e na cidade. A abertura da mostra ocorre durante o lançamento da 4ª edição do Aldeia Sesc, programação que mixa várias artes e ocorre de 3 a 6 de novembro, tendo os 100 anos do samba como tema.
Lucas Caregnato, que fez a seleção das imagens juntamente com a também historiadora e pesquisadora Loraine Slomp Giron, explica que a ideia é mostrar a contribuição dos africanos e dos afrodescendentes para a nossa cultura. Ele lembra que o samba em si é anterior à gravação, embora só tenha se disseminado e passado a ser visto como expressão da brasilidade durante a Era Vargas:
– A partir daí, a elite passa a ouvir essa música também – relata.
No cenário nacional, o samba foi de grande importância como contestação, nas décadas de 1940 a 1960. Durante a ditadura militar, deu origem a outras sonoridades, como a bossa nova, e mais recentemente, a partir do final dos anos 1980, ao pagode.
Em Caxias, embora haja relatos de blocos carnavalescos nos anos 1910 e o primeiro carnaval de rua tenha sido registrado em 1934, promovido pelo Clube das Margaridas – que, no ano seguinte, deu origem à escola de samba do Clube Gaúcho –, por muito tempo as opções para escutar samba foram restritas. Por isso até aproximadamente os anos 1950, explica Caregnato, os principais locais para tocá-lo e ouvi-lo eram os prostíbulos.
Da mesma forma, o registro fotográfico das expressões culturais dos afrodescendentes eram restritas, por isso há poucas fotos desses primeiros períodos, diz o pesquisador. Esse fato amplia a importância da mostra, que terá dez imagens que vão do primeiro disco de samba no Brasil ao carnaval caxiense atual, passando ainda pela memória do Clube Gaúcho. Adereços das escolas de samba completam a exposição, que poderá ser conferida até o dia 19 de novembro, no Sesc Caxias.
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Aldeia Sesc
A programação do Aldeia Sesc Caxias do Sul 2016 será lançada nesta quarta, às 10h, numa parceria entre o Sistema Fecomércio-RS/Sesc e a prefeitura. As atrações, ainda não divulgadas, incluem as áreas da dança, da música, das artes cênicas, das artes visuais e do cinema.
Durante o lançamento, será feita uma homenagem ao padrinho do Aldeia, o violonista Luiz Carlos da Silva, o Micaio, que já autou em diversas escolas de samba caxienses e integra atualmente o grupo Seresteiros do Luar.
Agende-se
:: O que: exposição O Samba da Minha Terra, com pesquisa de Lucas Caregnato e Loraine Slomp Giron e produção de Guilherme Nogueira de Castro
:: Quando: abertura hoje, às 10h, durante o lançamento do Aldeia Sesc; visitação até 19 de novembro, de segunda a sexta-feira das 8h às 20h, e aos sábados, das 9h às 14h
:: Onde: no Sesc Caxias do Sul (Rua Moreira César, 2.462)
Entrada franca
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