Na certidão de nascimento consta Jaqueline, nome que ela abreviou para Jaque. Mas também poderia ser Gertrudes. Ou Solange, ou Francisca, ou qualquer uma das outras mulheres que desfilam pelos 42 poemas de Quando Nasci Gertrudes (Quatrilho Editorial, 128págs., R$ 29,90), que Jaqueline Pivotto autografa no próximo sábado, a partir das 15h, na Do Arco da Velha Livraria e Café, em Caxias do Sul.
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– Quando resolvi fazer a coletânea e fui reler o material, percebi que a maioria dos poemas versava sobre o feminino – conta Jaque. – Essas mulheres foram nascendo naturalmente, quando escrevo procuro me identificar com o outro, com o ser-estar mulher no mundo de hoje.
Apesar de estar estreando em livro, a autora tem uma longa história de militância em prol da literatura. Por muito tempo editou o fanzine Da Gaveta e promoveu saraus culturais, além de ter sido uma das idealizadoras do Órbita Literária. E sempre escreveu, principalmente poesia e prosa poética, mas guardava a maior parte do material para si mesma. Há alguns anos, fez uma oficina com o escritor Marcos Kirst, que a incentivou a publicar. Ano passado, ao conversarem durante a Feira do Livro, ele tocou no assunto novamente, e Jaque enfim criou coragem e começou a trabalhar no material acumulado ao longo do tempo.
– É um exercício de desapego de si, mexe muito com sentimentos e sofrimentos. É lançar a alma para a vida – resume ela, sobre o poetar.
E a alma de Jaqueline está presente em cada página, a começar pelo poema Gertrudes e Eu, que abre a obra, antes mesmo da folha de rosto e da apresentação. Espécie de alter-ego da autora, essa personagem que resume todas as mulheres reaparece lá no finalzinho, em Eu e Gertrudes, dessa vez mais poeta, mais madura, mais Jaque.
– É um manifesto de mim mesma – confessa.
Entre uma Gertrudes e outra, poesias que são quase contos, apresentando-nos personagens como Marina, que vive de vender seu corpo; Solange, empregada pobre que paga as contas da família; Madame, que hoje vive bem mas também tem um passado. Há ainda referências à mitologia, como em O fio de Ariadne, à arte poética, como em Ressurreição de Leminski, a Frida Khalo, aos medos, aos desejos... A coletânea inclui ainda Pedaços de Mulher, poesia que foi finalista do Prêmio Off Flip deste ano.
Múltipla, Jaque também lança sábado o zine Gertrudes, organizado por ela e que reúne textos de mais de 15 mulheres. E já prepara dois novos livros: um, de minicontos, e outro, um romance sobre três gerações de mulheres.
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Nil Kremer lança "Kamikaze"
A arte-educadora Nilcéia Kremer, a Nil, também autografa seu primeiro livro no sábado, no mesmo evento. Com o sugestivo título de Kamikaze, a obra é uma publicação independente e artesanal, com ilustrações do artista paulista Felipe Stefani e capas produzidas artesanalmente pela artista caxiense Susete Roveda.
– Eu pensei, "estou sendo muito kamikaze com esse meu ato de publicar" _ brinca Nil, sempre muito crítica com o que escreve.
Ela acrescenta que escreve por prazer e necessidade, e que seu intuito primeiro é que a poesia voe, ganhe asas. Os textos de Kamikaze buscam transitar entre a crueza e o lirismo do dia a dia, e também têm a voz feminina como predominante.
Formada em Letras, anteriormente Nil disponibilizou o conteúdo livro numa plataforma digital, gratuitamente. Agora, com a descoberta da cartoneira (técnica dos livros artesanais), resolveu arriscar a publicação também em papel, e a obra será vendida a R$ 20.
Agende-se
Quando Nasci Gertrudes e Kamikaze serão lançados sábado, a partir das 15h, na Do Arco da Velha Livraria e Café (Rua Dr. Montaury, 1.570), em Caxias do Sul.
Os lançamentos integram a programação Randevu da Velha, que começa às 14h com o bate-papo Escritas Daqui - Primeiras Vezes, com Jaque Pivotto, Greice Martinelli e Maya Falks, e mediação de Natalia Polesso.