Uma delícia. Diferente. Apimentado. Perfeito. Esses foram alguns dos adjetivos mais ouvidos na noite deste sábado para descrever os pratos típicos da culinária senegalesa, degustados durante a Teranga no Brasil, evento promovido pela Associação dos Imigrantes Senegaleses de Caxias do Sul, no Quinta Estação.
Confira as últimas notícias do Pioneiro
– É uma maravilha isso aqui. Adorei, está tudo perfeito – declarou a enfermeira Maria Aparecida Venâncio, 50 anos, paulista que mora em Joinville (SC) e veio a Caxias especialmente para conferir um pouco da cultura senegalesa.
Acompanhada da também enfermeira Elaine Barbosa, 40, de Florianópolis (SC), Maria Aparecida contou que ficou sabendo da Teranga por meio de um amigo senegalês que mora em Porto Alegre, Moussa Diasse, que também participou da festa.
– É uma iniciativa muito interessante, e é bom experimentar coisas novas – avaliou o metalúrgico Maikson Tavares, 23.
Além de degustar seis diferentes iguarias – preparadas com apoio da chef Sonia Hermoza, que tem imigrantes do país africano em seu staff –, quem foi ao Quinta Estação também pôde conferir um pouco mais da riqueza artística senegalesa, com apresentações de tambores e até de rap. Muitos aproveitaram e entraram na dança. Logo na entrada do espaço, era possível ainda apreciar (e comprar) peças de artesanato.
Uma das atrações mais aplaudidas da noite, entretanto, foi mesmo o desfile de moda, que mesclou trajes característicos da cultura africana com peças mais ocidentalizadas. Havia desde peças com cores mais neutras, especialmente as masculinas, e outras mais vibrantes e coloridas, como nos vestidos. As roupas foram confeccionadas por vários costureiros membros da associação, e apresentados por modelos masculinos senegaleses e por modelos femininas caxienses.
– É uma cultura muito rica, coisas diferentes, comida maravilhosa. A integração não deve ser só no trabalho, tem de ser na cultura também – aprovou a advogada Simon Garcia, 46, cuja filha Larissa, 10, foi uma das modelos do desfile.
A médica Leila Tannous veio de Porto Alegre visitar a família em Caxias e foi surpreendida com o convite de amigos para conferir a programação. Aprovou:
– A comida lembra um pouco o sabor da comida baiana, por causa da pimenta. Também achei curioso que usam bastante o arroz.
O presidente da Associação dos Senegaleses, Aboulahat Ndiaye, mais conhecido como Billy, estava radiante:
– Esperávamos bastante gente, porque sempre nos perguntam sobre nossa cultura, mas chegar aqui e ver todo mundo gostando me deixa muito feliz. Queremos nos integrar com o povo daqui, fazer trocas culturais.
Noite de prestigiar os "filhos"
A costureira Nice de Souza, 59, não tinha companhia para ir à Teranga. Resolveu ir sozinha: não queria deixar de prestigiar os amigos que fez entre esses imigrantes, que a consideram a "mãe do Brasil".
– Não podia perder a festa dos guris – declarou, elogiando a cultura e a educação desse povo.
O carinho é retribuído por senegaleses como Cheikh Diack, Mouss Sene e Aliou Nigmo, que fizeram questão de dizer que receberam muita ajuda de dona Nice.
– É minha mãe do Brasil, gosto a mesma coisa que da mãe do Senegal – resumiu Cheik.
Após provar os pratos típicos do país natal dos "filhos" emprestados, a admiração da costureira por essa cultura aumentou:
– A comida está uma delícia, bem apimentada, mas maravilhosa. E gostei de um prato que eles fazem com (a massa) cabelinho de anjo, que eu só usava na sopa; agora, vou tentar imitar – comentou.