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Em 2015, uma das frases mais famosas da escritora Simone de Beauvoir – "ninguém nasce mulher: torna-se mulher" – inspirou uma questão do Enem e, assim como toda a vez que a palavra feminismo surge em qualquer espaço, uma avalanche de discussões começou. Se a filósofa francesa continua causando polêmica hoje – em 2016 completam-se 30 anos de sua morte –, imagine quando ela lançou este pensamento em seu livro mais célebre O Segundo Sexo, em 1949. E imagine então o que sofreram as feministas que vieram antes dela.
– É evidente que o feminismo irrompeu com força na nossa cultura atual. Séculos de luta que nos antecedem nos legaram um modo de ver o mundo bem mais lúcido. O crescimento do feminismo tem a ver com esse novo olhar promovido pelas próprias mulheres que, historicamente, são as agentes do feminismo. É um novo engajamento relacionado a um engajamento histórico, que não começou ontem, muito menos nas redes sociais, ainda que tenha nesse espaço hoje, um meio de comunicação potente – pondera Marcia Tiburi.
A professora da UCS Cecil Jeanine Albert Zinani pesquisa a representação da mulher na literatura e aponta vários nomes importantes quando a questão é feminismo. Entre elas estão Mary Wollstonecraft (mãe de Mary Shelley), que defendia o acesso à educação pelas mulheres, e Olympe de Gouges, autora da Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã, ambas no século 18. Nomes mais famosos do movimento como a própria Simone e a escritora Virginia Woolf abalaram estruturas no século 20.
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– Simone escreve que a mulher nunca é o um, ela é sempre o outro. Para ela, quando o homem descobriu que não dependia dos deuses para sobreviver, dominou a terra, e fez da mulher sua propriedade – explica Cecil.
A frase mais conhecida da filósofa continua ecoando até hoje, e não só no Enem.
– O gênero é uma construção social, e a questão do transgênero se encaixa nesta perspectiva. É uma luta que permanece – diz Cecil.
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É claro que as pautas se atualizam, passando do direito à educação e ao voto, até chegar a igualdade de salários, o direito ao aborto, etc.
– É muito demorado mudar mentalidades, é difícil de se libertar, são coisas que você faz sem nem se dar conta. Um dos grandes problemas do machismo são as próprias mulheres que reproduzem uma estrutura da dominação patriarcal, quando nos livrarmos disso, vamos evoluir – comenta a professora.
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