Mais diversão e menos competição, anuncia a sétima edição da Battle In The Cypher. E movimentos em torno da cultura hip hop, manifestação que cresce na cena urbana instigando novos pensamentos sobre a arte contemporânea.
Essa ideia transita entre as exposições, projeção de filmes, mostra de dança, workshops e palestras que começam nesta segunda-feira e vão até domingo nas ruas, palcos e praças de Bento Gonçalves. Há sete anos, a batalha dos organizadores é por cultura.
- Mesmo vivendo numa cidade que carece de uma visão cultural mais ampla, percebemos que o que a gente tem feito está surtindo efeito. Há reconhecimento não só dos jovens, mas também dos adultos. Aos poucos, o hip hop tem tomado espaços - explica Pedro Festa, b.boy e um dos organizadores do encontro.
Inserida no calendário oficial do município, a BITC tem popularizado danças e grafites na cidade. Como fizeram em outras edições, artistas se apresentarão escolas públicas e particulares e num Ceacri - Centro de Atendimento da Criança e Adolescente. Jams de grafite nas ruas e praças mobilizam cerca de 3 mil pessoas, 500 delas diretamente ligadas ao encontro. Movimento potente, novas frentes de articulação da arte urbana.
- Mesmo estando em formação, o alcance desse movimento é imenso. É irresponsável não pensar no que estamos fazendo com esta potencialidade gigantesca - observa o dançarino, coreógrafo e pesquisador paulista Henrique Bianchini, que estará no fim de semana em Bento para uma palestra e uma oficina de hip hop dance. Ou de rap dance, o nome está aberto ao debate:
- A busca por uma linguagem, por termos oficiais, também é uma questão num universo em que a bibliografia é quase inexistente. Vou falar sobre uma possível linha cronológica da dança hip hop.
A programação inclui batalha de b.boys, MCs e DJs. Novidade desta edição, esta última não ocorria no Estado há 15 anos e será comandada pelo DJ Basim.
- Percebemos essa perspectiva da cultura. A ideia é cada vez mais de fomento. O importante é a troca de informação nessa área - diz Festa, citando os seus "aqueces" para o encontro na Serra realizados no Brasil - em Vitória, Valença, Dourados, Fortaleza -, e no Exterior - Assunção, no Paraguai, e Montevidéu, no Uruguai.
Para Bianchini, a cultura hip hop está na adolescência:
- Estamos formatando nossas personalidades, tem havido muitos debates, avaliações. As transformações são grandes, e as consequências serão desse porte também - opina.
É por isso que a moçada de Bento vê a BITC também como uma militância artística contra estereótipos reducionistas.
- No começo, olhavam para o hip hop. Hoje, olham para o funk - diz Festa.
Desse ambiente ainda em construção, despontam vetores para a movimentação da cena.
- Acredito que em um ano haverá uma ruptura muito grande. As danças urbanas deixarão de ser esporte, virtuosismo, para se fortalecerem artisticamente. Aliás, já é arte, mas ainda é pouco - afirma e provoca Bianchini.
Cultura urbana
Battle In The Cypher começa nesta segunda e vai até domingo em Bento
Encontro de cultura hip hop tem apresentações e workshops de dança, grafite, MCs e DJs
Carlinhos Santos
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