Figura que escreve poemas, canta, dança e representa pulsões e paixões pelas palavra poética, Elisa Lucinda encerra a Feira do Livro de Caxias. O encontro com os leitores será neste domingo, às 17h30min, com um sarau poético.
Confira alguns tópicos da entrevista concedida por e-mail ao Pioneiro.
Sobre seu primeiro romance, Fernando Pessoa, o Cavaleiro de Nada:
É usual que a poesia tenha uma forte inclinação confessional. Escreve-se muito em primeira pessoa. E eu sabia que muita coisa da história do autor estava ali escrita, cifrada, contida dentro da obra, portanto esses poemas saltavam, brotavam de minha memória. Mas ainda não foi só essa a vantagem em escrever na primeira pessoa, afinal meu objeto é um criador de muitas vozes e caso não tivesse feito essa opção, correria o risco de oferecer mais uma voz à uma narrativa já habitada por muitas vozes. Até hoje trago a sensação de que visitei um país. Mas a edição está muito bem cuidada, a Tita Nigri entendeu o que era o livro e a gente então tem ali uma fotobiografia não autorizada. Fui muito fiel à sua biografia, às coisas que eu soube, que encontrei, que pesquisei sobre o homem pessoa. (...) O livro também é uma homenagem à língua portuguesa, esse tesouro! Usei um híbrido entre o lisboeta e o nosso português brasileiro, e foi uma delícia usar muitas mesóclises e ênclises, transitar aí. Resultou em uma brasileira escrevendo a autobiografia de um poeta português, prefaciada por um moçambicano de ouro chamado Mia Couto.
Leitores e encontros:
Tenho leitores de toda idade. Das criancinhas que leem minha Coleção Amigo Oculto (editora Record), muitos jovens, adultos, até os adultos quase centenários. Gosto assim. Pobres, ricos, muitas tribos diversas acham um certo jogo na linguagem do meu tambor que os representa. Pra mim é como se fosse uma ciranda, uma vez que sou uma dependente das vozes de outros poetas. Tenho na minha cabeceira minha rainha Adélia Prado, Mário Quintana, Fernando Pessoa, Manoel de Barros, Castro Alves, Cecília Meireles, Leminski, Whalt Whitman, Dinha, Maria Rezende, Wagner Merije, Gonçalo Tavares, ai, Meu Deus, uma lista interminável de gente que fala com o meu coração. Sem contar os compositores populares, maravilhosos poetas, e enfeitam de pérolas nossas melodias. Por isso tudo, me honram os encontros pelo Brasil onde me vejo sendo voz do outro também. Um poeta deve ter serventia.
Planos:
Sim, estou cheia de projetos de literatura. Com vários livros escritos esperando sua vez. Vem aí o Parem de Falar Mal da Rotina (edição revisada pela editora Record); virá logo logo o segundo romance, mais um livro infantil; no entanto, o que agora estou preparando é o primeiro de uma trilogia chamada Vozes Guardadas. Sairá pela Record e são três livros: Jardim das Cartas, O livro do Desejo e O Milionário do Sonho, sendo os dois primeiros de poesia, sendo esse último um híbrido de poesia e crônica. Publiquei A Fúria da Beleza em 2005, e lá se foram 10 anos sem publicar poemas! Estou explodindo. Há muitos poemas querendo sair de casa. Quanto aos filmes, vou fazer o Contramão, dirigido por Jeferson De e estrelado por Fabrício Boliveira. Uma personagem interessantíssima, de uma história que se passa numa fronteira brasileira; não vou dizer qual é agora (spoiler: é no Rio Grande do Sul). Estou aguardando um convite bacana para um papel maravilhoso na tevê. Tô com saudade de fazer televisão e o público também tem pedido. São muitos os planos em andamento e eu vou, por que não?
Encontro
Sarau com Elisa Lucinda encerra a Feira do Livro de Caxias, neste domingo
Poeta fala sobre seu primeiro romance e os planos na literatura e cinema
Carlinhos Santos
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