Na apresentação de Outro Silêncio, seu mais recente livro, Alice Ruiz descreve que um haikai é fruto da observação, talvez até resignação, do poeta diante das nuances da natureza. "Assim como a brisa de verão, as flores da primavera, a árvore desfolhada do inverno, ou as folhas que caem trazendo de volta o outono", tudo é inspiração.
A forma poética japonesa que aportou no Brasil no começo do século 20 é sina, seara e semântica de Alice entra ano, sai ano, faça sol ou chuva, frio ou calor, de estação a estação. Sazonalidade profunda, estado poético de estar no mundo.
São livros - dois deles, Vice Versos e Dois Em Um, vencedores do prêmio Jabuti -, letras de música com nomes como Arnaldo Antunes, Itamar Assumpção e José Miguel Wisnik e outras práticas que versejam uma obra respeitada num trajetória que inclui a organização de Toda Poesia, de Paulo Leminski, parceiro de vida e verso.
Há duas semanas, enquanto mambembeava pelo Brasil, longe de casa há 10 dias, ela trocou e-mails noturnos e sintéticos, clareando o pretexto que a traz a Caxias, nesta quinta-feira, às 19h, no Auditório da Feira do Livro.
A programação diz que você vem para o debate denominado Três Jeitos de Poesia. De quantas infinitas maneiras se faz poesia?
O nome tem a ver com os três gêneros poéticos que eu pratico: poesia, haikai e letra de música. Mas a poesia tem mil formas de existir, inclusive sem palavras.
Além do novo livro, que outras novas você prepara?
Tenho dois novos de haikais prontos: um para crianças com visual de Ramiro Murillo, e um em parceria com Rodolfo Guttilla. Além da publicação de um livro com a reunião de HQs meus e do Paulo Leminski, que deve sair ainda este ano.
Leminski é verso constante em sua vida?
Ultimamente é principalmente trabalho.