Antes de entrar na história propriamente dita, devo dizer que a primeira coisa que chamou minha atenção em Joyland, livro de Stephen King lançado recentemente no Brasil pela Suma de Letras, foi o número de páginas: 240, ou seja, um livro "fininho" em se tratando da obra de King - basta lembrar Novembro de 63, com 736 páginas, Christine, com 768, A Coisa, com 896, ou Under the Dome (Sob a Redoma), com mais de mil. Doutor Sono, outro dos lançamentos recentes, tem 480, e Mr. Mercedes, 436.
Talvez seja possível dizer que Joyland é um King voltando às origens, e não apenas por ter um número de páginas semelhante ao de Carrie (200) e O Cemitério (240). Nesse livro tem um pouco de sobrenatural, é claro, como em pelo menos 90% das obras do autor. Entretanto, mais do que isso, tem os dramas do protagonista, o jovem universitário Devin Jones, que vive um problema comum, o sofrimento por ter levado o fora da primeira namorada - e quem pode negar que Carrie, por exemplo, seja sobre os dramas comuns da adolescência?
O Joyland do título é um parque de diversões, no qual Dev vai trabalhar durante as férias. Lá, ele faz um pouco de tudo, inclusive vestir-se como Howie, o cãozinho feliz, para divertir a criançada. Também faz amigos para a vida toda, Tom e Erin (a mocinha do vestido verde da capa), e fica sabendo de um assassinato ocorrido alguns anos antes no Túnel do Terror do parque. E, ainda, tem seu dia de herói, ao salvar uma menina.
Quando o verão acaba, ele resolve continuar ali, sem voltar para a universidade. Seus amigos vão embora, não sem antes passearem pelo tal túnel - com o fantasma da moça assassinada, Linda Gray, aparecendo para Tom. No sombrio outono que se segue, Devin resolve investigar sobre o antigo assassinato, enquanto ainda sofre pelo amor perdido.
Também nesses dias, nas idas e vindas da pousada onde está alojado até Joyland, ele trava amizade com Mike, um menino à beira da morte e que tem um dom especial. Mike (como a adivinha do parque, Madame Fortuna, já havia previsto ao conhecer Dev) e sua mãe, Annie, vão ter um papel importante nos fatos que se seguem, e que incluem reviravoltas e suspeitas.
Joyland também não traz tantos personagens como, por exemplo, Under the Dome, o que talvez ajude a explicar o texto mais "curto".
Enfim, é um King enxuto, de leitura rápida, mas nem por isso menos típico.
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Ah: o preço também é menor do que costumam ser os livros do Mestre, R$ 29,90.
Dica de livro
Maristela Deves: "Joyland", um Stephen King em versão enxuta
Embora chame a atenção pelo reduzido número de páginas, livro traz todos os elementos característicos do autor
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