"Como estás aí pelo teus pagos? Espero que esta te encontre muito bem junto ao teu avô, abrindo o peito, cantando por estes fundos de campo. (...) O motivo principal de te escrever são uns regalos que tenho para ti: começo com estes retratos que bati quando eu cheguei. Um deles mostra o pátio da frente das casas, com o galpão velho de barro e santa fé. (...) O segundo regalo é esta letra, Estrelas de Chão. A escrevi ontonte depois que chegamos de uma campereada de um dia inteiro. (...) Vê se te agradam, bota uma melodia destas lindas que andas fazendo, para contarmos esta história por aí".
O trecho acima era escrito de Cacequi, em 1986, por Sérgio Carvalho Pereira para um Luiz Marenco aquerenciado junto ao avô - no distrito de Quitéria, em São Jerônimo - que escutava fitas cassetes de Jayme Caetano Braun e Noel Guarany, presentes do amigo letrista.
- Resolvi seguir o convite de Sérgio e, em 1988, comecei nos festivais. O Sérgio foi o meu primeiro parceiro na música. Quem vive no campo sabe que vive em outro mundo. Foi pelos poemas que eu me entreguei ao campo. Eu vivia aqueles versos. Resolvi cantar o que eu sentia - conta o intérprete.
Sul, projeto que será lançado neste domingo, em Caxias, é o resultado dessa parceria que começou quando Marenco era garçom do bar Tertúlia (em Cassino, Rio Grande) e Pereira apresentava um espetáculo regional com uma banda, no lugar. O CD tem 14 canções, todas poemas de Pereira, que também assina as fotografias do livreto encartado no álbum. O projeto original é um livro de 160 páginas com o CD encartado e que será autografado por Pereira. Sim, ele também estará em Caxias.
Os versos campesinos de Pereira ganharam a melodia refinada de Marenco e arranjos trabalhados de Aluisio Rockembach, percebidos pela delicadeza da gaita - outrora rápida e ágil nas canções interpretadas pelo cantor. Aliás, apenas três instrumentos são plano de fundo para a voz marcante de Marenco: o acordeon, o violão e o baixo.
Pela característica intimista - nem por isso menos regional - Marenco escolheu o teatro da Universidade de Caxias do Sul para reverenciar a simbologia e o caráter único da obra, percebidos em canções como Amadrinhador (em homenagem a Jayme Caetano Braun), Gaúcho e Das precisão pra viver.
- Esse disco é uma novidade em todos os aspectos. A sua produção levou oito anos, é independente, não tem vínculo com gravadora. Esse tempo me levou a fazer o que é, para mim, o melhor álbum da minha carreira. Eu amo esse disco - garante o cantor.
Sul
Música regional, 14 faixas, independente, R$ 25 (CD com livreto de 24 páginas) ou R$ 70 (livro de 160 páginas com o CD encartado)
O lançamento
30 de agosto (domingo), às 20h, no teatro da Universidade de Caxias do Sul (UCS), em Caxias. Ingressos antecipados a R$ 40 (no Galpão do Tio Ci). Na hora, R$ 80.