Todo mundo é meio fora da casinha em O Lado Bom da Vida (no ar nesta sexta, às 19h45min, no Telecine Touch), e esse é exatamente o charme da trama. Pat (Bradley Cooper) é o maluco diagnosticado, um cara que sai do hospital psiquiátrico depois de surtar ao encontrar a mulher com outro. Enquanto ele tenta juntar os pedaços de sua consciência para reconstruir a vida, convive com diversos outros loucos que, ao contrário dele, estão inseridos na sociedade. Na lista figuram, por exemplo, o amigo submisso da mulher (John Ortiz); o pai viciado em aposta (Robert De Niro, em ótima atuação); e a bela viúva que perdeu o emprego depois de transar com todos colegas de trabalho (Jennifer Lawrence, que abocanhou o Oscar pelo papel com apenas 22 anos).
O diretor David O. Russell, já era considerado o novo queridinho da academia depois de ter realizado o ótimo O Vencedor (2010). O Lado Bom da Vida concorreu a oito estatuetas em 2013, incluindo filme e diretor, mas só levou atriz. Em 2014, o diretor repetiu o feito com outras 10 indicações ao competente Trapaça, mas não levou nenhuma.
O Lado Bom da Vida mostra o romance que surge de forma meio torta entre a dupla de atormentados Pat e Tiffany (Lawrence). Completamente obcecado pela ex-mulher, Pat demora a enxergar na nova amiga um possível amor. Curiosamente, ele acredita que ela é muito louca para ele (recém saído do hospital psiquiátrico, repito).
Há ótimo momentos no roteiro - e talvez Bradley Cooper merecesse o Oscar mais do que Jennifer Lawrence -, mas no final a trama sofre uma certa recaída, pendendo mais para o lado da comédia romântica água com açúcar. Mesmo assim, vale para se identificar com as loucuras do dia-a-dia desse apaixonante grupo de personagens (talvez eles só façam o que você sempre quis fazer, como atirar um livro com final decepcionante pelo vidro da janela às 4h da manhã).