- É um encantamento, uma volta no tempo. Atinge o lado criança de todo mundo.
Assim a psicóloga Juliana Santos, 35 anos, de Caxias do Sul, explica a atração generalizada (dela inclusive) pelos livros para colorir, como Jardim Secreto, de Johanna Basford.
Ela conta que a capa de Jardim Secreto chamou sua atenção numa livraria e resolveu ver do que se tratava. Quando viu que era de colorir, sentiu vontade de resgatar a brincadeira, comum na sua infância. Acabou trocando o cafezinho e as leituras do intervalo entre os pacientes por momentos dedicados a pintar os intrincados desenhos de flores, plantas e animais. Juliana também presenteou a mãe, de 59 anos, e a enteada, de 10, com os livros, e comprou para si o segundo volume da coleção, Floresta Encantada.
Outra fã da prática é a perfusionista Marcia Brasil, 47. Como trabalha dentro de bloco cirúrgico, controlando o sangue em cirurgias cardíacas, a pressão da profissão é alta. Por isso, quando está em casa, procura formas de desestressar, além de manter um atelier no qual faz caixas decoradas. Foi sua sócia quem lhe falou dos livros, cerca de um mês e meio atrás; como ainda não os encontrava por aqui, encomendou, e a espera até sua chegada foi preenchida colorindo desenhos retirados da internet. Agora, com seis livros em mãos (alguns ganhos de presente de Páscoa) e outros dois encomendados, não abre mão do passatempo:
- No sábado passado, à noite, abri um vinho, botei uma música e fiquei até as três da manhã pintando. Quem teve a ideia genial de criar esses livros acertou em cheio - diz.
O tempo que Marcia antes passava assistindo televisão foi trocado pela pintura. O uso da internet também diminuiu um pouco, mas gosta de acessar o Facebook para trocar dicas e desenhos com outras "jardineiras", como se autointitulam as fãs de Jardim Encantado. O cantinho de colorir foi montado na mesa da sala, para ficar perto da família - às vezes, o filho mais novo senta ao seu lado para colorir seus próprios livrinhos, e ela aposta que o tamanho de sua paixão pelos lápis de cor ainda vai contagiar o restante da casa.
Os lápis de cor, aliás, são um detalhe à parte: à medida que vão avançando nos desenhos, a vontade de ter novos tons e materiais à disposição cresce. Juliana, por exemplo, comprou lápis de cor normal e aquarelável, e agora quer os pastel. Já Marcia acumula quase 300 lápis de vários tipos - comum, aquarela, misturinha (com dois matizes num só lápis), neon, entre outros -, organizados por grupos de cores em uma espécie de estojo feito por ela própria. Além das canetinhas, é claro, embora essas ela não utilize muito.
Mesmo com todo esse arsenal, a perfusionista conta que não encontrou tudo o que procurava em Caxias: sente falta de marcas e cores diferentes.
- Não se encontra aqui aqueles estojos maravilhosos que se vê na internet - relata, acrescentando que pensa em ir a Porto Alegre pesquisar novas opções.
Com várias amigas aderindo à prática, Marcia já pensa em montar um grupo, uma espécie de confraria, para que mulheres se reúnam e pintem juntas os desenhos dos livros.
Cinquenta tons de cores 2!
"A ideia de criar esses livros foi genial", diz fã caxiense dos livros para colorir
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