Humberto Gessinger se apresentará em Caxias do Sul na noite desta sexta-feira. O show Insular ocorre na All Need Master Hal às 0h30min. No repertório, estão as mesmas músicas que o eterno engenheiro do Hawaí apresentou no Chevrolet Hall em Belo Horizonte no dia 30 de maio, ao gravar a segunda etapa do primeiro DVD solo. A primeira fase foi filmada em versão acústica no Vale dos Vinhedos, na Serra gaúcha.
O gremista vem a Caxias acompanhado do power trio, Rodrigo Tavares e Rafa Bisogno, como na última apresentação na Serra, há mais de um ano.
- Ao lado de canções do Insular, clássicos e "lados B" de todas as fases da minha carreira. Há várias canções que não estavam no repertório na minha última passagem por Caxias. Essa é uma das vantagens de ter um repertório vasto: sempre dá pra renovar o show - garante o músico.
Os clássicos a que Humberto se refere costumam dividir espaço na programação das rádios com os novos sucessos, como Tudo Está Parado, parceria do músico com o mineiro Rogério Flausino, uma das mais tocadas na Atlântida. A antigona Infinita Highway, por exemplo, foi cantada duas vezes na última apresentação do músico em Caxias, após insistentes pedidos de bis da plateia . Os versos "Não corra, não morra, não fume!" levaram os fãs ao delírio mesmo 26 anos depois de ser criada.
Confira a íntegra da entrevista com Humberto Gessinger.
Por que a Serra foi escolhida pra ser palco da primeira etapa do DVD?
Me sinto em casa na serra gaúcha, a família da minha mãe é da região. Amassar uvas com os pés para fazer vinho doce é uma lembrança viva da minha infância. Sempre me perguntam se o fato de ser gaúcho dificultou a chegada ao sucesso nacional, eu acho que até ajudou. Cada vez mais sinto vontade de mostrar minhas origens no meu trabalho. Já que todos os convidados do set acústico eram gaúchos (Luis Carlos Borges, Bebeto Alves e Duca Leindecker) nada mais natural do que gravar aqui.
É tua primeira experiência em carreira solo. É possível, mesmo com tanto tempo de estrada, sentir medo da novidade?
Em BH registrei o power trio (eu, Rodrigo Tavares e Rafa Bisogno), formato que marcou a maior parte da minha carreira. Foi um show maravilhoso. O maior risco das gravações ao vivo é a perda da naturalidade pela preocupação com a perfeição técnica do registro. Conseguimos escapar desta armadilha. Foi um grande encontro, com pessoas de vários estados, dava pra sacar que tinha um lance especial acontecendo naquela noite. Confirmei esta impressão quando ouvi as gravações no estúdio.
Depois de gravar discos ao vivo no Rio, em São Paulo e em Porto Alegre, eu devia isso à BH, uma cidade sempre muito receptiva ao meu trabalho. É meu sexto DVD, mas a sensação é sempre de estar começando do zero. Quem quiser acumular certezas, deve trabalhar com outra coisa, não com arte.
É possível aproximar o primeiro disco dos Engenheiros, Longe Demais das Capitais, 1986, com Insular, 2013?
Há várias dimensões de tempo na obra de um músico. O tempo de um compasso, de uma canção, de um disco, de uma carreira... Todas estas escalas estão relacionadas. O mundo pop tem medo da passagem do tempo, o universo pop quer pessoas com síndrome de Peter Pan, que nunca cresçam. Mas eu não estou nessa. Gosto de acompanhar a trajetória dos meus ídolos e quero oferecer isso aos meus fãs: a possibilidade de passear por minha obra reconhecendo coisas que estavam lá desde o início, sacando novidades, observando retrocessos e avanços, ruptura e continuidade.
O teu último show em Caxias, em 2013, teve no repertório consagradas, lado B das antigas e as novas. Deve repetir o modelo?
Trago à Caxias o mesmo show que gravei em BH e vai virar DVD. Ao lado de canções do Insular, clássicos e "lados B" de todas as fases da minha carreira. Há várias canções que não estavam no repertório na minha última passagem por Caxias. Essa é uma das vantagens de ter um repertório vasto: sempre dá pra renovar o show. Por outro lado, o grande risco de estar a tanto tempo na estrada é o cara virar cover de si mesmo. Acho que nunca cedi à essa tentação.
Teu show aqui na Serra vai rolar durante a Copa do Mundo. Qual é a posição do Humberto diante de tanta polêmica?
Torci contra a escolha do Brasil para sede. Agora torço para que role tudo na paz, os jogos e as manifestações que por ventura acontecerem. Não sou pessimista quanto ao futuro do país. Acho que estamos passando por uma fase de transição, sentindo as dores do crescimento, de algumas mudanças de paradigmas. Poderia ser melhor ou mais fácil? Sim, poderia. Mas espero que as dificuldades não nos desanimem. Não concordo com o pessoal da minha geração que tem um discurso saudosista. Toda época tem seus encantos e suas dificuldades. Temos é que lutar para deixar as coisas melhores do que encontramos pra quem está chegando.