A descentralização da cultura é um dos objetivos do instituto Itaú Cultural, que encontrou parceria na Sala de Cinema Ulysses Geremia, em Caxias, para colocá-lo em prática. Já exibidos nas principais capitais brasileiras, os cinco filmes da série Iconoclássicos (realizado pelo Itaú Cultural) chegam à Serra a partir desta quarta.
Sob a ótica de cinco cineastas, a iniciativa revisita as obras de cinco artistas vanguardistas, naturalmente inquietos, e responsáveis - cada um à sua maneira - pela construção de uma identidade cultural no Brasil. Ganharam filmes o músico e compositor Itamar Assumpção, o artista plástico Nelson Leirner, o dramaturgo José Celso Martinez Corrêa, o cineasta Rogério Sganzerla e o poeta Paulo Leminski.
Os filmes serão exibidos até domingo, sempre às 20h, com entrada franca.
- O projeto teve uma repercussão e uma aceitação muito grandes. Ficamos apaixonados e estamos trabalhando em novos filmes, provavelmente para 2014 - adianta Kety Fernandes, coordenadora do Núcleo de Audiovisual e Literatura do Itaú Cultural.
Iconoclássicos é um braço de uma iniciativa permanente do núcleo, o Ocupação, que promove exposições com objetos, vídeos, áudios e instalações sobre grandes nomes das artes no Brasil.
Confira a programação em Caxias:
Quarta - EX ISTO, de Cao Guimarães (Minas Gerais, 86min)
João Miguel protagoniza o filme como René Descartes, que passeia pelo Brasil contemporâneo. O longa inspira-se livremente no romance Catatau, escrito em 1975 e umas das obras mais emblemáticas de Leminski. Nela, o autor se deixa levar por uma hipótese histórica: "E se René Descartes tivesse vindo ao Brasil com Maurício de Nassau?".
Quinta - DAQUELE INSTANTE EM DIANTE, de Rogério Velloso (São Paulo, 110min)
O diretor garimpou imagens raras em acervos e arquivos particulares. Durante dois anos mergulhou em um processo intenso de entrevistas e seleção de trechos em mais de 180 horas de gravações.
Sexta - ASSIM É, SE LHE PARECE, de Carla Gallo (São Paulo, 75min)
Retrato de Nelson Leirner "sem a pretensão de alcançar a verdade e avesso ao enaltecimento do artista", como observa a própria diretora. Nesse documentário em particular, o público se vê às voltas com a arte irreverente, crítica e provocativa de Leirner, traduzida na sua forma de pensar arte e de viver a vida.
Sábado - EVOÉ! RETRATO DE UM ANTROPÓFAGO, de Tadeu Jungle e Elaine Cesar (São Paulo, 104min)
Revela o fundador do Teatro Oficina em toda sua potência criativa. O filme mistura de forma labiríntica depoimentos recentes e imagens históricas da carreira do diretor, ator e dramaturgo Zé Celso. Personagem único, ele guia o documentário como narrador principal. Entre os arquivos utilizados no documentário estão programas jornalísticos, vídeos pessoais e registros de espetáculos.
Domingo - MR. SGANZERLA - OS SIGNOS DA LUZ, de Joel Pizzini (Rio de Janeiro, 90min)
O filme utiliza o universo de Sganzerla, um dos principais cineastas brasileiros, morto em 2004. Trata-se de um filme-ensaio que recria o ideário por meio dos signos mais recorrentes de sua filmografia, como Orson Welles, Noel Rosa, Jimi Hendrix e Oswald de Andrade.