Pense num espetáculo que se propõe a falar de dança, mas tem muito de teatro. Pense em bailarinos em crise, pensando que podem também ser atores. Misture a ordem dos contrários, imagine uma ensaiadoras de balé daqueles da antiga dizendo "preencham seus vazios". Eis um pouco do que se verá no palco do Teatro do Sesc, amanhã, às 20h, na apresentação de Tombé, do grupo baiano Dimenti.
O espetáculo é concebido como uma coreopalestra. Ou seja, alguém está proferindo uma palestra coreográfica onde, o tempo todo, são indagados os limites das artes, as misturas entre um e outro gênero, sempre olhando com irreverencia e humor irônico para muitas dessas questões.
Nessa dança teatral, ou nesse teatro dançado, misturam-se dos discursos acadêmicos e eruditos aos pedagógicos e mesmo políticos. Nessa boa bagunça coreográfica, vale interromper a aula para ter uma crise de identidade, discutir com o colega sobre a melhor solução para uma cena, questionar vaticínios de vetustos ensaiadores. Tudo vale para pensar as muitas danças que se faz na contemporaneidade.
A criação e performance são de Jorge Alencar, também responsável pela direção coreográfica, Fábio Osório Monteiro, Neto Machado, Eduardo Gomes e Rúbia Romani.
Além do espetáculo, o Dimenti vai ministrar a oficina Que tipo de arte você realmente está a fim de produzir?, que propõe um mergulho artístico e auto reflexivo nas referências e universos poéticos de cada participante. Por meio de práticas de composição e de conversas francas, o encontro buscará ir além das tendências e tabus estéticos para produzir uma experiência auto implicada e de risco. Domingo, às 14h, no Sesc, com inscrições gratuitas.
Dança contemporânea
Grupo baiano Dimenti se apresenta sábado, em Caxias
O espetáculo 'Tombé' é concebido como uma coreopalestra
Carlinhos Santos
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