Se você é daqueles que pensa ser preciso muito dinheiro para viajar e conhecer outros países, prepare-se para mudar de ideia. Claro que alguns gastos são impossíveis de contornar, como a passagem aérea até a Europa, mas outros, principalmente com alimentação, deslocamentos e visitas a pontos turísticos, podem ser reduzidos.
O escritor Henry Alfred Bugalho, autor do Guia Nova York para Mãos de Vaca (212págs., R$ 16,90), do Guia Roma Para Mãos de Vaca (133págs., R$ 15,90) e do Nova York, Bairro a Bairro (250págs., R$ 16,90, ou, mais o guia de NY, R$ 25,90), coletou ao longo dos anos diversas dicas sobre como viajar barato. Ele as compartilha no blog www.maosdevaca.com (no qual também vende os livros), e, por e-mail, envia algumas sugestões para os leitores do Pioneiro.
Confira trechos da entrevista:
Como conhecer uma cidade sem recorrer aos normalmente caros (e muitas vezes superficiais) city tours?
Henry Alfred Bugalho: Para isso é preciso pesquisar muito e sempre. Saber o que quer ver, onde se localizar e quais são os dias com descontos ou gratuitos. Em muitas cidades ao redor do mundo, há city tours gratuitos (na verdade, eles esperam uma gorjeta no final), ou seja, é uma ótima opção para quem deseja gastar menos. Quase nunca recomendamos os ônibus de turismo, pois são caros e, em cidades históricas, geralmente eles não podem entrar nas vielas, o que dá quase na mesma do que ir caminhando. O melhor é sempre pegar transporte público ou ir à pé, a exceção é no Peru, onde o táxi é baratíssimo e o tranposrte público pode ser um pouco arriscado para um turista.
Pela tua experiência, no que vale a pena ser mão de vaca numa viagem, e no que vale a pena gastar um pouco mais?
Bugalho: Isso é totalmente relativo. Tem gente que não abre mão de um hotel legal, ou de comer em bons restaurantes, ou de visitar os melhores museus, ou seja, essa decisão é muito particular. Por exemplo, nós preferimos cortar em alimentação e hospedagem e conseguir visitar todas as principais atrações. No entanto, este é o nosso estilo de viagem. Sabemos de muitas pessoas que não dão a mínima para museus, por exemplo. Outra questao é que às vezes com o dinheiro gasto em uma viagem onde a pessoa se hospeda em hotéis caros, come em restaurantes caros e não pesquisa, no esquema mãos de vaca podemos fazer duas viagens.
Trem ou companhia aérea de baixo preço, tipo Ryanair? O que vale mais a pena?
Bugalho: Isso também dependerá da distância percorrida e do país da Europa. Se você estiver indo de Madri a Paris, por exemplo, sairá mais barato seguir com uma empresa aérea de low-cost do que de trem, mas entre uma cidade de outra as opções que restam serão trem ou ônibus. Por exemplo, entre Amsterdã e Antuérpia, ir de ônibus era quase 50% mais barato do que de trem, já na Itália, se você pega um trem regional, às vezes sai baratinho. Tudo dependerá da distância e também do tempo que você tem disponível.
Em termos de viajar barato, como diferenciar uma boa pechincha de uma roubada?
Bugalho: Às vezes, uma roubada é fácil de ser identificada, como um hotel barato, mas sujo, barulhento e mal localizado, ou um restaurante imundo e com comida ruim, mas, outras vezes, você só descobrirá que caiu numa cilada muito tempo depois, ao ver com comprou produtos piratas ou um souvenir muito mais caro. Como tudo numa viagem, planejar é essencial e, com tantas informações disponíveis online, não há desculpas para cair em certas furadas. Leia sempre os blogs de viagens, as recomendações do Tripadvisor, e qualquer outra informação que pensar ser relevante. E nem sempre confie completamente nos grandes guias de viagem tradicionais ou nas revistas de viagens. Leia as opiniões de clientes e fregueses, que comumente são desinteressadas e honestas.
Qual o segredo de um viajante mão de vaca?
Bugalho: Se fosse para resumir em única palavra seria: pesquisar. Você cairá muito mais facilmente em furadas, gastando mais, perdendo-se, sendo enrolado se estiver despreparado. Pesquise antes de viajar, mas também pesquise durante sua viagem. A primeira coisa a se fazer quando se chega a uma cidade é ir direto ao balcão de informação turística, pegar um mapa e perguntar ao atentendente quais são as atrações mais importantes. Depois, ficar de olho nos restaurantes. Se estiver muito cheio de turistas, é quase certeza que não será a autêntica cozinha local. Pesquisar e viajar muito. Com o tempo, você aprende os macetes.
Gostou do assunto? Então confira a revista Almanaque deste final de semana, que inclui uma reportagem em que várias pessoas relatam suas experiências com viagens baratas. Tem dica até sobre como se hospedar de graça!
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