Para o patrono da Feira do Livro de Caxias, Gilmar Marcílio, o escritor Antonio Cicero dispensaria apresentaçõees. Decidiu, no entanto, introduzir o bate-papo com o filósofo e poeta, nesta sexta-feira, com uma de suas obras mais emblemáticas, Guardar:
"Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la. Em cofre não se guarda coisa alguma. Em cofre perde-se a coisa à vista (...)". Cicero, por sua vez, começou falando sobre o status de obra de arte da poesia e recorreu à Grécia antiga para explicar a relação entre poesia e filosofia. Disse que, quando escreve poesia, não é filósofo. E vice-versa.
- Quando estou como poeta, se pensar filosoficamente acaba-se o poeta - disse.
Cicero confessou: há algum tempo começou a usar o computador para escrever, mas precisa imprimir os textos para ver se estão bons - "sou anti-ecológico", brincou.
Defende que as pessoas precisam dedicar tempo para apreciar um poema e que isso nunca foi uma necessidade tão urgente:
- Vivemos em um mundo utilitário e pragmático, a temporalidade é da transitoriedade, mas na arte é possível encontrar outra relação com o ser, com a existência.