Pietro Stangherlin foi um pintor e escultor italiano naturalizado brasileiro, extremamente ativo na região de Caxias do Sul. Nascido em Vicenza, na Itália, no ano de 1842, filho de Battista e Maria Stangherlin, sofreu desde criança com um tumor benigno em um dos joelhos, o que afetou severamente seus movimentos e o impediu de caminhar durante a juventude. Na adolescência, entalhou seu próprio par de muletas, conseguindo assim mais mobilidade e vida social. Com isso, iniciou seus conhecimentos em marcenaria. Devido ao problema no joelho, frequentou a escola somente até os nove anos, dedicando-se depois a tarefas manuais em casa e auxiliando no sustento da família.
Na década de 1870, decidiu sair da Itália. De família pobre e sem perspectivas de crescimento, viajou para o Brasil em 1876, chegando no Rio de Janeiro em 25 de agosto, aos 34 anos, e transferindo-se imediatamente para Caxias do Sul. Na cidade, começou a oferecer seus serviços de marcenaria e consertos gerais, especializando-se na área das artes com trabalhos de decoração, pintura, desenho e retratos. Não tardou em aventurar-se também pela escultura, modalidade de arte na qual foi o pioneiro na cidade, e na qual deixou suas obras mais expressivas.
Sem nunca ter frequentado faculdade ou cursos de arte, com um trabalho que transita entre a arte erudita e a popular, Pietro deixou sua marca por meio de uma considerável produção artística, voltada principalmente para estátuas de culto. Muitas dessas obras ainda permanecem em altares de igrejas e capelas da região, com destaque para a principal imagem de culto do Santuário de Nossa Senhora de Caravaggio, em Farroupilha, e a estátua de Santa Teresa D’Ávila, padroeira da Catedral de Caxias do Sul. Também estão presentes no Museu Municipal de Caxias do Sul e em coleções particulares.
Em pouco tempo juntou economias e pôde construir uma casa na Rua Sinimbu. Assim, teve enfim condições de trazer da Itália sua mãe e os irmãos Giovanni, Luisa e Assunta. Pouco depois casou-se com a viúva Leticia Rancon, com quem teve muitos filhos. Infelizmente, devido às condições de saúde, somente sobreviveram à infância duas meninas, Adelina e Corina. Em 1885, criou aquela que viria a ser sua obra mais conhecida, a imagem de Nossa Senhora de Caravaggio.
Em 27 de setembro de 1887, naturalizou-se brasileiro. Seu título de eleitor de 1890 (acima) o apresenta como "escultor", indicando seu reconhecimento profissional. Além de Caxias, Pietro atuou em outras cidades da região, e suas obras eram bastante requisitadas por igrejas e capelas. Tornou-se uma figura popular na cidade, participando de muitas associações e clubes, além de desfiles de feiras agroindustriais.
Pietro morreu em Caxias do Sul, no dia 15 de maio de 1912.
O lado artístico de Adelina Zambelli
Assim como o pai, sem nunca ter frequentado escolas de arte, Adelina Zambelli também apresentava grande talento artístico. O espaçoso terreno da Av. Júlio de Castilhos disponível próximo à sua residência, com terras propícias ao cultivo, fez com que Adelina se dedicasse ao plantio de flores, transformando a área do pátio em um tapete florido. A beleza das flores atraía principalmente as crianças da vizinhança, que as buscavam para levar às famílias. Esse entusiasmo por parte dos vizinhos lhe deu a ideia de abrir uma floricultura.
Com o tempo, os pedidos foram se intensificando, e Adelina desenvolveu suas potencialidades artísticas herdadas do pai. Arranjos, buquês e corbelhas somaram-se em pedidos cada vez maiores.
Das flores naturais, suas habilidades artísticas se estenderam a trabalhos de montagem de pequenas peças e arranjos com flores artificiais, feitas totalmente à mão por ela. Adelina também destacou-se na pintura das esculturas feitas pelo marido, Michelangelo, e das peças por ela produzidas.