A imigração italiana no Rio Grande do Sul trouxe o desenvolvimento para várias regiões da Serra Gaúcha. No município de Farroupilha, a riqueza cultural não está restrita somente à comunidade de Nova Milano. O 3º Distrito de Monte Bérico, com acesso pela RSC-453, Km 109, nas imediações do Restaurante Cavalet, também preserva fortes elementos desta etnia.
Conforme o agricultor José Gobbato, 57 anos, a localidade acolheu nos primórdios as famílias Ariotti, Dalzochio, Gobbato, Nichetti, Gasperin, Robetti, Molon, Piccinini, entre outras. Como todas tradicionais comunidades do Brasil, o povo italiano caracterizou-se pela disposição laboriosa em construir seu núcleo habitacional nas proximidades de uma capela. A edificação da atual igreja representa o esforço comunitário harmonioso. A religiosidade agregou o entusiasmo espiritual para viver em grupo e construir um lugarejo com muita fé.
José Carlos Gobbato, 58 anos, técnico em telefonia, recorda que seus ancestrais chegaram em Monte Bérico por volta de 1895. Seu bisavô Majolo Gobbato morreu durante a viagem de navio. A sua bisavó Ana Trentin Gobbato foi uma mulher corajosa em perseverar e continuar no roteiro com os filhos Pacífico, Próspero, Rústico, Hermínia, Celestina e Ringarda.
Numa imagem preservada no ambiente do salão paroquial, acima, percebe-se os primeiros povoadores de Monte Bérico. O registro não identifica a data e o motivo do encontro.
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Respeito e dedicação pela educação
A escola sempre recebeu profundo respeito pelos colonizadores italianos. Nesta instituição os valores da religiosidade e do ensino permitiam uma identificação com a nova pátria no Brasil. Na Semana da Pátria, realizada em 1943, os moradores de Monte Bérico se reuniram para enaltecer os valores do patriotismo. Numa observação mais atenta, percebe-se o retrato de Getúlio Vargas sendo exibido ostensivamente pelas famílias, autoridades e professores de Farroupilha.
A admiração dos italianos por Getúlio Vargas não foi abalada durante o período da 2ª Guerra Mundial. Naquela época, o nacionalismo exacerbado reprimiu a manifestação do dialeto nas colônias de alemães e italianas. Em Nova Milano, as placas comemorativas do cinquentenário da imigração italiana foram retiradas pelo Exército Brasileiro.
No entanto, na comunidade pacata de Monte Bérico, os excessos não impediram o devido respeito à Vargas, cuja diplomacia internacional soube conduzir com linguagem elevada diante dos ataques aos navios brasileiros pela marinha alemã.
História preservada no salão paroquial
Na atualidade, os paroquianos de Monte Bérico conservam parte de seus valores históricos no salão paroquial. O ambiente realiza sua tradicional festa em homenagem a Nossa Senhora de Monte Bérico no mês de agosto. O salão dispões de uma quadra esportiva, jogos diversos e uma bar.
Além disso, um acervo fotográfico exibe um conjunto de fotos do Clube São Cristovão e do grupo de bochas. O retrato de Getúlio Vargas permanece intacto na parede do bar.
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