Ocorre nesta quinta (28), às 19h, um encontro comemorativo aos 10 anos do Clube do Livro de Canela. A convidada especial será a autora bento-gonçalvense Natalia Borges Polesso, que recentemente trocou a Serra por Minas Gerais e vai participar remotamente do bate-papo. A obra escolhida para nortear a conversa é A extinção das abelhas, romance mais recente da autora. As inscrições para participar, via Google Meet, custam R$ 40. Informações pelo (54) 99192-6187.
Como a atividade terá ares de celebração pelo aniversário do clube, alguns leitores estarão reunido na casa que pertencia ao escritor Josué Guimarães e sua esposa, Nydia (ambos falecidos). O convite foi feito pela filha do casal, Adriana, que era presidente da extinta Fundação Cultural de Canela (leia mais abaixo) quando o Clube do Livro foi criado.
Fundação Cultural teve atividades encerradas
O Clube do Livro é um dos projetos que nasceu com apoio da Fundação Cultural de Canela, importante ferramenta no cenário artístico da cidade que acabou extinta recentemente. A decisão partiu da atual diretoria, que não discutiu o assunto com os demais membros da fundação (em sua maioria voluntários que pensavam ações em prol da cultura local). A entidade, que era privada, completaria 30 anos de atuação em novembro. Com a extinção, também devem ser encerradas as atividades do Espaço Nydia Guimarães, que dedicava-se a sediar atividades culturais e levava esse nome em homenagem a uma das criadoras da fundação.
De acordo com o diretor do Departamento de Literatura e ex-vice-presidente da entidade (entre 2017 e 2019), Fernando Gomes, uma das causas para o declínio da fundação foi uma dívida “impagável” contraída com o Ministério do Turismo. O caso teve início depois que a Fundação Cultural de Canela foi contratada para administrar um evento em Parobé, na época da gestão da prefeita Gilda Maria Kirsch.
– A prefeitura (de Parobé) inventou que podia cobrar uma atividade de teatro, o que não era permitido. A ideia era devolver ao Ministério do Turismo o valor da receita, mas terminou o evento e o dinheiro acabou sumindo. Foi passando o tempo e nada. A fundação tentou resolver amigavelmente, politicamente, mas não deu certo. No ano passado, esgotaram-se os recursos, a fundação tentou muito, mas acabou levando a culpa – resumiu Gomes, sobre o caso ocorrido há 10 anos.
Além da dívida, outra situação que ocorria internamente eram divergências políticas entre os colaboradores da fundação e sua diretoria – atualmente mais alinhada a uma postura conservadora. Conforme Gomes, um dos últimos atritos surgiu após a sugestão da criação de um Departamento de Ações Afirmativas e Inclusivas:
– Eles (diretoria) disseram que não iam autorizar, que não existia necessidade.
Além da perder a Fundação Cultural, Canela também amarga a falta de uma secretaria, de um conselho ou de um sistema de cultura.