Os irmãos Patrícia Simonal, Wilson Simoninha e Max de Castro vieram a Gramado conferir a primeira exibição pública do longa que conta a história do pai deles, Wilson Simonal. Max e Simoninha, inclusive, assinam a contagiante trilha que embala o filme.
A coluna conversou com o músico Max de Castro sobre a possibilidade de ver a história de sua família recontada, agora sob o olhar mágico do cinema. Para ele, um dos maiores trunfos do roteiro é jogar luzes sobre a história de sua mãe, Tereza, que esteve ao lado de Simonal nos melhores e piores momentos.
– É interessante, neste momento da vida de todos nós, os filhos, podermos rever um pouco da história dela. Ela teve uma educação que era a educação vigente na época, meu vô era mecânico, então minha mãe e minhas quatro tias não tiveram a oportunidade de estudar, só meu tio homem que terminou os estudos até o final. Aquela opressão, você imagina o jovem nos anos 1950, essa liberdade que a gente desfruta hoje veio um pouco dessas pessoas. Minha mãe saiu desse mundo, dessa coisa machista e severa por causa do rock até. Ela gostava de assistir o programa do Carlos Imperial, um dia ela pegou o ônibus e foi lá dançar rock, depois conheceu meu pai. Se ela não tivesse pego esse ônibus, a gente não estaria aqui. A história do Simonal acaba sendo uma coisa tão rica que permite até este tipo de recorte.
Dona Tereza não pode vir a Gramado assistir ao filme, mas certamente vai gostar de "se ver" sob a pele da musa Isis Valverde. Pelo menos é o que acredita Max:
— A Ísis Valverde é uma grande estrela, no bom sentido da palavra estrela. Imagina minha mãe, com 70 e poucos anos, que chinfra, tipo, "fizeram um filme aí e a Ísis Valverde que me interpreta (risos)".
Com uma carreira que acabou em derrocada por conta de uma notícia mal contada que definiu Simonal como um dedo-duro na época da ditadura, Max conta que o filme também serviu para exorcizar um pouco esse peso sobre sua família.
– A possibilidade de liberar isso é o que fica mais forte mesmo. Que bom que tô colocando essa coisa para fora para poder seguir até a minha própria vida mesmo. São coisas que precisam ser exorcizadas, as pessoas precisam refletir sobre as próprias ações, sejam elas positivas ou negativas. É muito interessante fazer esse paralelo com o filme que é a história de 40 anos atrás – reflete.
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