O último mês foi do tipo 3 em 1. Quando eu pensei que já estava no fim, ainda faltavam muitos dias pela frente. Julho foi uma turbulência, foi trabalho, trabalho e mais trabalho. Tudo valeu a pena – sempre vale quando a gente faz o que gosta. Mas depois de toda a maratona, a vida fez questão de interromper a rotina (ou falta dela) e dizer: para tudo.
Não foi nada grave. Entre um exame de rotina e outro, descobri que algumas hérnias da infância resolveram dar as caras mais uma vez, e aí a intervenção foi necessária. E já que eu gosto da praticidade das coisas (para não declarar que sou ansioso), marquei a cirurgia o quanto antes. Se é pra ser, que seja agora.
Precisei me afastar. Durante o repouso, pensei sobre como a vida nos desacelera quando necessário. Prefiro acreditar que é um sinal, sabe, como se ela nos sussurrasse: vai com calma. A gente insiste em querer fazer de tudo, e tudo sempre ao mesmo tempo, né?
Não era o meu caso, mas também pensei sobre como cada doença nada mais é do que um aviso. É como um sintoma que serve de alerta e cabe a nós escutar. A doença é um recado que nos pede para alterar o nosso padrão mental – algo não está certo, e as consequências se apresentam desta forma. Será que cabe, então, tratar uma doença (de uma dor de cabeça a algo maior) como uma vilã?
Quando decidimos observar cada situação com uma ótima mais simples, parece que fica mais fácil enfrentar os desafios. A mudança nasce e sobrevive a partir da gente. E só.
Travei longos diálogos com o responsável pela minha cirurgia não programada: no caso, eu mesmo. O que é que estou fazendo comigo? Quanto e como é que estou me cuidando? Qual é o meu limite e porque insisto em ultrapassá-lo mais do que deveria?
A vida não precisa ser uma urgência. Acho mais bonito dizer que a vida é feita de pequenas interrupções. Dito isso, cabe a nós decidir como enxergar cada momento: lição ou punição?
Leia também
Nivaldo Pereira: tempos sombrios
Confira três dicas de elegância de Regyna Queiroz Gazzola
Quem são e o que pensam os caxienses que têm o pensamento mais à direita
"Já converti várias feministas", diz caxiense que é fiel à tríade bolsonarista Deus, pátria e família
"Nem tanto à direita, nem tanto à esquerda", diz caxiense que defende o consenso
Trinta anos sem Raul Seixas: relembre a passagem do músico por Caxias do Sul um mês antes de morrer
Três dias de paz, amor e música: festival de Woodstock se iniciava há 50 anos