Vem aí mais um dos ciclos trimestrais de retrogradação do planeta Mercúrio, de 21 de abril a 15 de maio. O tal Mercúrio retrógrado já ganhou fama como responsável por mil confusões de comunicação. No entanto, atrasos e outros problemas ligados ao astro da mente e das conexões também servem para questionarmos nosso próprio entendimento do fluxo da vida. Esses ciclos são muito bons para concluir assuntos pendentes e até para encontrar coisas perdidas. Como este de agora se dará em Touro, questões materiais e econômicas ganham ênfase.
Com exceção do Sol e da Lua, todos os astros do sistema solar possuem ciclos em que, do ponto de vista da Terra, parecem andar para trás em relação ao caminho natural do zodíaco. O motivo disso sempre intrigou os pesquisadores do céu desde a antiguidade. Isso porque seguia-se a percepção visível, a olho nu, de todos os astros girarem a nossa volta, conforme uma concepção geocêntrica do mundo. Mas o que se vê nem sempre é o real. Foi somente após os trabalhos dos astrônomos e astrólogos (não havia separação entre esses saberes até então) Copérnico (1473-1543) e Kepler (1571-1630), que veio à luz o sistema heliocêntrico, em que todos os planetas giram em torno do Sol, em órbitas elípticas e não circulares.
Tal visão cosmológica mudou o mundo. Para horror das religiões, os terráqueos deixaram de ser o centro do Universo. O fenômeno dos planetas retrógrados revelou-se uma ilusão de óptica, decorrente da observação de um astro em movimento a partir de outro astro (a Terra) também em movimento e em velocidades diferentes. A astrologia, a partir daí separada da astronomia, conservou a interpretação simbólica de que períodos de retrogradação aparente são de revisão dos temas ligados ao astro em questão. Pois, na real, tudo anda para frente no céu.
Mudar a nossa velha opinião formada sobre tudo sempre é uma boa opção nos períodos de planetas retrógrados, como os de Mercúrio, regente dos modelos mentais. A absurda onda de crença numa Terra plana – clara regressão a crenças de um passado já remoto – prova que o avanço do conhecimento não nos livra do sombrio poder da ignorância. Senão, como explicar, na era da inteligência artificial, cegueiras mentais capazes de desprezar, ao sabor da própria estupidez, até as testadas conquistas científicas?
Mas é isso: humanidade rima com perplexidade. Parece que o luminoso aumento do conhecimento também evoca o que há de mais sombrio no humano. Aliás, esse tema deve ganhar destaque com a passagem de Plutão por Aquário nos próximos 20 anos, como num embate entre o arcaico e o progresso.
Como a astrologia projeta dentro do homem o Universo, numa correspondência entre céu e terra, agora é oportuno refletir sobre o quão pouco sabemos do macrocosmos. Cientistas especulam que tudo o que se conhece corresponde a apenas 4% do Universo. Deve haver 23% de matéria escura, a dar forma às galáxias, e 73% de energia escura, força que provoca a expansão contínua. Escura, aqui, no sentido de desconhecida.
Ou seja, há tanto e tanto ainda por descobrir. Outras revoluções cosmológicas devem aparecer. Certo é que tudo gira velozmente no espaço – cada planeta, o sistema solar inteiro, a galáxia Via Láctea... A Terra, por exemplo, percorre sua órbita a cerca de estonteantes 108 mil quilômetros por hora. E ainda tem quem insista em parar no tempo e se agarrar a crenças mortas! Isso, sim, é que é viver num eterno planeta retrógrado.
Luzes já sobre as matérias e energias escuras de dentro.