Dez para as cinco da tarde. Véspera de publicação da crônica semanal. E eu não tenho nenhuma ideia do que escrever.
Tenho consumido mais chocolate do que o habitual. E significa o quê? Não sei.
Ando num daqueles períodos da vida em que as respostas escapam por entre os dedos. Só sei que foi assim, repito, à exaustão.
Gosto daquelas barrinhas de coco com cobertura de chocolate. Talvez porque essas barrinhas pareçam menos nocivas. Sei lá. Vai saber.
Li que adiaram o show do Caetano Veloso e da Maria Bethânia, que iria ocorrer em Porto Alegre, logo ali, no dia 12 de outubro.
No texto do meu colega — o baita jornalista William Mansque —, publicado em GZH, diz que a administradora do estádio local do apoteótico show “tem como prioridade os jogos do Grêmio neste momento”. Fosse o Caetano, embarcaria no Expresso Carinhoso e viria pra Caxias, de mãos dadas à mana Maria, e meteria o show no glorioso Estádio Centenário.
Caetano e Bethânia em solo gaudério, pelo visto, só em 2025. Põe na agenda: 22 de março. Vai ser bem no Dia Mundial da Água. Tomara que não chova. Fraca essa, né?
Sempre que vejo o nome do Caetano aqui e ali lembro da Máfia do Dendê. Isso é coisa do jornalista Claudio Tognolli, que morreu em 3 de março deste ano, após complicações por conta de um transplante cardíaco.
Máfia do Dendê porque o Tognolli sustentava a tese de que Caetano, Gil e sua turma influenciavam a cultura brasileira de uma forma, digamos, desproporcional e blá, blá, blá.
Eu acho engraçado. Por quê? Sei lá. Só acho simbólico que o show de Caetano e Bethânia — prodígios da Máfia do Dendê, na visão de Tognolli — seja em março, mesmo mês da morte do jornalista que popularizou essa expressão. Enfim.
Dia desses (noite adentro, aliás), o Jê do Zaraba provocou uns convivas à mesa. Grades do bar fechadas, todos em volta da mesma mesa, num rompante o Jê questiona:
— Quem é o melhor: Caetano ou Chico Buarque?
O placar foi de goleada: Caetano 1 X 3 Chico Buarque. E significa o quê? Nada. Cada um que sustente seu apreço, seu compositor de estimação. Prefiro Chico. Contudo, nem tudo que ele toca reluz em ouro de alto quilate. E nem tudo o que Caetano entoa aqui e ali é desprezo com perfume de dendê. O rei do dendê tem seu valor.
Acho que eu deveria maneirar nesses chocolates de final de tarde, né? É muita gordura hidrogenada.
