Chegou. Nesta quinta-feira é 29 de fevereiro. A cada quatro anos o dia fora do tempo se materializa. 29 de fevereiro só perde para 1º de abril como o dia da piada pronta. Quem nunca chegou pro dono do bar e disse: “pendura aí pra mim, dia 29 de fevereiro venho pagar”. Pois chegou o dia do acerto de contas. Ficou devendo? Vai pagar.
Parafraseando o poeta Djavan, é “mais fácil aprender japonês em braile” do que entender a viagem astral na engenhosa criação do calendário que encaixou o ano bissexto (esse que enxerta o dia 29 de fevereiro) em nossas vidas. Dizem, esse vai e vem na linha do tempo é fruto dos inspirados imperadores romanos que foram encontrar soluções matemáticas nas mentes criativas dos astrônomos.
Parte dos terráqueos segue confiando no dito calendário gregoriano. Gente como nós, brasileiros, os americanos do sul, do norte e do centro, os africanos, os europeus e os australianos. Curiosamente, os países católicos (de origem, herança ou, digamos, imposição). Esse calendário, baseado no ciclo solar, contudo, passou a ser utilizado sob a égide do papa Gregório 13, em 1582.
Enquanto, nós, brazucas estamos atravessando o ano de 2024, os judeus já estão no “futuro”, em 5784. A palavra mês em hebraico é “chodesh”, que deriva do radical da palavra “chadash”, cujo significado é “novo”. Sendo assim, o primeiro dia de cada mês se inicia justamente no primeiro dia de lua nova. Para os judeus, o mês de Adar (o “relativo” a fevereiro, do calendário gregoriano) tem originalmente 29 dias, mas, em anos bissextos, é acrescido o dia 30.
Antes do dia 29 de fevereiro nascer, séculos antes de nós, terráqueos dessa era nascermos, os caras que mandavam no planeta perceberam que havia um desajuste entre a contagem dos dias, no ano civil, na visão do romanos, com o ano solar. Daí, o imperador Júlio César, cerca de 50 anos a.C., na Roma Antiga, ordenou ao astrônomo Sosígenes que encontrasse uma forma de resolver a equação. Sosígenes achou bacana a alternativa dos egípcios e definiu 365 dias + um, a cada quatro anos, e batizou o calendário de “Juliano”, para homenagear o chefe.
E como decidir quais dias do mês teriam 30 ou 31 dias? Entrou aí a fusão da astronomia com uma boa dose de “política da boa vizinhança”. Pois é. Olha só. Morre Júlio César, então o senado romano decide trocar o nome do mês Quintilis, que tinha 31 dias, para Julius, ou seja julho – o nosso mês invernal. Mais tarde, também para honrar César Augusto, sobrinho-neto de Júlio César, que se tornara imperador, o mês de Sextilis passou a se chamar Augustos (agosto). Mas como originalmente agosto tinha 30 dias, para manter o sobrinho-neto no mesmo patamar do tio-avô, Júlio César, a saída foi enxertar um dia a mais em agosto.
A conversa está boa, mas vamos à luta. Um dia a mais de trabalho enquanto março não chega. Aliás, vai ter reunião sindical hoje? Quem paga esse dia extra ao trabalhador? E quem paga um dia a mais de despesa com água, luz, internet e etc., que o empregador vai ter de arcar? É piada, viu?! Feliz dia 29 de fevereiro, o nosso 1º de abril em ano bissexto.