Pouco mais de 97 mil passageiros desembarcaram no aeroporto Hugo Cantergiani, em Caxias, no primeiro semestre — um aumento de 13% na comparação com o mesmo período de 2023. O dado está, obviamente, relacionado à suspensão da operação do Salgado Filho, alagado após a enchente de maio em Porto Alegre.
Esse foi um dos pontos levantados pelo secretário estadual de Turismo, Ronaldo Santini, durante a reunião-almoço da CIC Caxias nesta segunda-feira (16). Ressaltou a importância da aviação regional e reconheceu que não é possível o Rio Grande do Sul depender de apenas um aeroporto de grande porte.
A comunidade caxiense já sabe disso faz tempo e há mais de 10 anos aguarda a construção do terminal de Vila Oliva. O Cantergiani, infelizmente, tem limitações como o fechamento em dias de neblina, o que ficou evidente para todo o Estado com a tragédia climática.
Conforme o diretor do aeroporto, Cleberson Babetzki, dos 1.957 pousos entre janeiro e junho deste ano, 75 foram alternados por causa da cerração. Imaginem com uma estrutura com mais capacidade de voos e com equipamentos capazes de permitir pousos e decolagens mesmo com neblina. Que a retomada parcial no Salgado Filho, em outubro, não faça com que esqueçamos a necessidade de alternativas.
Mobilidade
Mobilidade e turismo estão diretamente ligados, por isso, a malha aérea é tão importante, assim como o transporte terrestre. Oferta de ônibus urbano e intermunicipal também é fundamental para fazer o turismo girar. E precisa ser eficiente. Você já foi ou tentou ir de Caxias a Bento Gonçalves de ônibus? É demorado e desanimador.
Turismo dá trabalho
Uma reclamação frequente dos empresários, gestores e profissionais de RH é a dificuldade de contratação de mão de obra qualificada e de retenção de talentos em Caxias. As pessoas, em geral, não querem trabalhar aos finais de semana e feriados e acabam migrando do comércio e dos serviços para a indústria.
Ao mesmo tempo, Caxias se propõe a ser turística e, para isso, precisa de funcionários para esses setores. Como resolver essa equação foi a minha pergunta durante o debate entre os candidatos à prefeitura da Gaúcha Serra, na sexta-feira. Aproveitei e fiz a mesma pergunta ao secretário Santini, ontem.
— Tem diversas formas de resolver. Uma delas é potencializando essa atividade. Muitas delas, quem sabe, valorizando ainda mais o trabalho de quem trabalha no setor do turismo, oportunizando qualificação permanente, fazendo com que eles enxerguem efetivamente que é uma cadeia de emprego e renda de forma muito significativa se estivermos dispostos a fazer. Mas o turismo é isso mesmo, turismo dá trabalho. Agradar o turista dá trabalho e muitas pessoas não querem ter que passar por isso de trabalhar final de semana, de abrir a propriedade, de arrumar a mesa, de preparar o restaurante. Muito disso passa pelos dados. Quando consegue enxergar o quanto isso pode ser rentável, é difícil a pessoa sair dessa atividade — respondeu.