A safra deste ano da Cooperativa Vinícola Aurora, de Bento Gonçalves, foi de 50,3 milhões de quilos, 28,6% menor em comparação com a vindima de 2023 — foram 70,5 milhões de quilos no ano passado. É o menor volume desde 2016, quando a cooperativa recebeu 33,6 milhões de quilos. A queda em relação ao ano passado já era esperada por causa do fenômeno El Niño, que influenciou todos os ciclos da videira. A Aurora tinha uma estimativa inicial de 63 milhões de quilos.
Apesar do volume menor, a qualidade é boa. Conforme o gerente agrícola da Aurora, Maurício Bonafé, as uvas brancas viníferas para espumantes tiveram ótima acidez e bom grau de açúcar. As viníferas tintas colhidas apresentaram as condições ideais para a elaboração de vinhos jovens e mais leves e as uvas americanas e híbridas, que representam cerca de 70% do volume colhido pela cooperativa, estavam com boa graduação de açúcar e sanidade, o que mantém as características do suco de uva integral.
O volume colhido é fruto do trabalho de 1,1 mil famílias, que produzem 56 variedades de uvas em pequenas propriedades com média de 2,5 hectares. Somados, são 2,8 mil hectares de vinhedos em 11 municípios da Serra gaúcha. A quantidade de uva recebida pela Aurora representa, historicamente, de 10% a 15% do total da safra gaúcha.
Ano para reforçar boas práticas
Ao longo do último ano, a Aurora realizou uma série de ações para a adequação dos cooperados quanto à legislação trabalhista. Por meio do programa Boas Práticas Agrícolas, os associados receberam orientação e auxílio para realizar contratações com carteira assinada. Também foram instruídos quanto às condições de alojamentos, uso de EPIs e outras iniciativas que garantiram a todos condições de trabalho decente. O programa foi criado após o caso de trabalho análogo à escravidão registrado na safra passada na Serra.