Uma pesquisa encomendada pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil de Caxias do Sul (Sinduscon) acende um alerta: pode faltar imóvel novo em breve porque diminuiu a oferta na cidade. O levantamento mostra que o volume de vendas de imóveis tem se mantido nos últimos anos, mas o número de lançamentos nunca esteve tão baixo.
Realizada pela Brain Assessoria Empresarial, a pesquisa constatou que o número de unidades prediais verticais lançadas no primeiro semestre de 2023 teve uma redução de 47% em relação ao segundo semestre do ano passado: de 289 para 152 unidades.
Quanto aos empreendimentos lançados, a queda foi de 50% no mesmo período, de 10 para cinco. A redução já era sentida pelo Sinduscon e, para confirmar a percepção, a entidade contratou o estudo. A queda está muito associada às dificuldades enfrentadas pelas empresas do setor nos últimos anos, como alta taxa de juros, instabilidade da economia e excessiva burocracia na aprovação de empreendimentos.
— Muitas incorporadoras, construtoras e pessoas físicas tinham imóveis em estoque e mesmo sem lançamento, as vendas aconteceram, o mercado estava equilibrado. Só que esses estoques também acabam. A gente pode dizer que agora é a hora do comprador, porque ainda tem imóvel no mercado, mas vai faltar, porque a redução nas aprovações foi muito grande. Hoje, a gente está com uma defasagem de praticamente 70% de imóveis e a demanda ainda existe — diz Maria Inês Menegotto, presidente do Sinduscon.
Conforme Maria Inês, ainda há imóveis novos para o primeiro semestre de 2024, mas para o segundo semestre não é garantido. Por isso, é preciso uma retomada intensa nas aprovações e construções. A presidente destaca um cenário de maior segurança jurídica no país e medidas como a retomada do Minha Casa Minha Vida, com subsídios de até R$ 55 mil.
— O mercado está difícil, mas teve uma alteração bastante grande no programa, que ajuda a incentivar as construções. Uma das coisas que ajuda bastante é a taxa de juros que baixou de 4,5% para 4,25%, e dentro do Minha Casa Minha Vida temos empreendimentos até R$ 350 mil, onde antes era R$ 210 mil, R$ 219 mil. Quando a gente tem essas vendas, a cadeia da construção toda se mexe, você vende imóveis de menor valor, você aceita eles em dação e a pessoa consegue melhorar seu imóvel até 350 mil. Imóveis também de médio porte e de alto porte as construtoras conseguem receber dações de menor valor — exemplifica Maria Inês.
Segundo ela, já há dois lançamentos em andamento do Minha Casa Minha Vida em Caxias
É preciso retomar com força
A pesquisa também analisou o Valor Geral de Vendas (VGV), e verificou uma diminuição de 36%, ou seja, foram R$ 122,7 milhões no primeiro semestre de 2022 para R$ 79,2 milhões no primeiro semestre deste ano. Referente ao acumulado de vendas e lançamentos de unidades verticais, em junho de 2022 havia um acumulado de 1.701 lançamentos para 1.572 vendas.
Em junho de 2023, os números passaram para 472 e 1.434, respectivamente, ou seja, uma redução de 72% no número de lançamentos e de apenas 9% no número de vendas.
— Agora ficou claro (com a pesquisa) que nós temos que retomar com bastante força as construções e o trabalho que já vínhamos desenvolvendo. Nós temos que construir, a população tem que acreditar. Ano que vem vai ser um ano bom, vai estabilizar bastante coisa — espera Maria Inês.
Summit da construção
A pesquisa, sem dúvida, será pauta do Summit da Construção Civil em Caxias do Sul nesta quinta-feira (26). O evento, realizado pelo Sinduscon, irá reunir importantes nomes do setor, como Renato Correia, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), para discutir a evolução e o futuro do mercado imobiliário, o valor da arquitetura no setor de incorporação e os impactos da reforma tributária.
O encontro ocorre na CIC Caxias, às 13h. Associados da entidade têm direito a uma inscrição gratuita, que pode ser feita pelo site do Sinduscon. Não associados pagam R$ 129.