Para além do papel de reequilibrar nosso estilo e anseios por novidades, o design, principalmente o de moda, é capaz de nos ajudar a ser mais morais. Os tempos modernos nos viciaram em sempre querer estar na tendência que todo mundo segue, seja aqui, no continente sul-americano, seja no europeu. No fluxo desse pensamento, Schana Cenci Marin, diretora de Design da Grendene, com sede em Farroupilha, sempre está em busca do inédito para apresentar a todos os fashionistas de plantão inovações em calçados e acessórios que fazem diferença no cenário da criatividade no vestir.
— Começou quando era pequena e observava minha mãe sempre linda e vaidosa. Suas combinações de roupas eram inusitadas e intuitivas. Nunca a vi sem um batom ou sem acessórios, e com frequência ela usava penteados diferentes. Mesmo que fosse para ficar em casa. Ela sempre valorizou estar se sentindo bem e isso incluía estar bem-vestida e arrumada. E mesmo agora, que é cadeirante, não deixa de ser assim. Ela é uma grande inspiração! Além dela tem toda a história da fábrica de calçados dos meus pais, da qual sempre fiz parte e quis estar presente nesse meio, aprendendo, olhando, criando, isso com certeza me inspirou — conta a filha de Severino Cenci e Elaine Terezinha Cenci ao relembrar o início de sua trajetória profissional.
Muitas de suas melhores ideias buscam incentivar nosso melhor lado por meio de mensagens positivas. Segundo Schana, é difícil selecionar uma passagem específica de sua jornada que possa elencar como a mais importante, pois são muitas experiências que a leva a ser o que é.
— O amadurecimento acelerado em função de uma doença na família, o desafio de dirigir até uma outra cidade quando tinha 14 anos com a responsabilidade de vender sapatos e depois retornar, a formatura, o nascimento do filho, Caio Cenci Marin, o primeiro projeto aprovado. O possível título deste todo que sou, poderia ser: A construção de uma vida que vale a pena ser vivida — relata.
Inclusive, Schana fala com orgulho de Caio que aos 17 anos já se destaca no meio musical com espontaneidade.
— Ele já possui músicas lançadas em seis países: EUA, Inglaterra, Bélgica, Itália, Sérvia e Rússia. Posso dizer que ele é um talentoso produtor e DJ, iniciou sua carreira com a música aos 11. O processo criativo passa por ouvir um vasto repertório de diversos estilos musicais — explica a mãe coruja.
Conquistado o devido reconhecimento e sabedoria empírica, Schana, que é apaixonada esposa do também designer e tatuador Luciano Marin, nos conta o que entende por estilo: — É ser uma pessoa simples, ser autêntica, sentir-se bem com o que se é. É estar presente naquilo que você se propõe, é estar ali de fato, por inteira de corpo, mente e coração. Ter estilo é, também, estar atenta aos detalhes.
Assim, em meio a memórias de sua dedicada linha do tempo, Schana Cenci Marin, finaliza com uma dica e tanto para aqueles que desejam seguir na profissão: — Seja persistente, estude, seja curioso e organizado. Não se apegue aos projetos ao ponto de se tornar inflexível, saiba lidar com frustrações, amplie sua visão, se conecte sempre com pessoas e se mantenha humilde.
Três perguntas para Schana:
O que representa ser uma mulher no comando? A conquista e a realização de uma história de dedicação, comprometimento, energia, superação, alegria e coragem. Me sinto feliz em estar onde estou e ser como sou.
Se pudesse voltar à vida na pele de outra pessoa, quem seria? David Bowie, um artista que inspira por ser um verdadeiro “camaleão” em diversos segmentos.
Quais são as suas referências na área? São várias e diversas. Charles e Ray Eames, Vivienne Westwood, Chanel, Stella McCartney, Sérgio Rodrigues, Zaha Hadid, Marc Jacobs, Frank Gehry, Schiaparelli, Steven Harrington, Malika Favre, Alexandre Pavão, entre outros tantos que admiro. Além dos artistas da minha família.