Um olhar sobre a história nos permite compreender que tudo se dá em ciclos. Apogeu e declínio. Que podem durar alguns anos ou séculos. Isso evita a nossa tendência em alimentar o pessimismo quando as coisas parecem descarrilhar. Há momentos, no entanto, em que a ignorância grassa de maneira tão exponencial que nos perguntamos: isso vai nos levar para o abismo? Não sou exatamente o que se chama de uma pessoa bem informada. Vejo nos amigos certo olhar de espanto ao se deparar com meu desconhecimento de alguns fatos recentes. Permito-me apenas uma pequena dose diária. Neste período de reclusão, assistir a raros noticiários. A leitura de uma revista semanal e o que a internet nos dá acesso pareceu-me plenamente suficiente. O resultado disso é que passei o mês com mais serenidade, minimizando o pânico. A manutenção de práticas de sobrevivência adaptadas ao que está acontecendo parece ser o necessário para contribuir com a preservação da nossa saúde e, nesta situação que vivemos, com a dos outros. Porém, mesmo abstendo-me, respingam, aqui e ali, declarações públicas que me deixam estarrecido. Estaremos vivendo, afinal, uma nova idade das trevas? A ascensão de uma direita ultraconservadora em países com tradição solidamente democrática sinaliza uma mudança de paradigma.
Opinião
Gilmar Marcílio: apostando na ignorância
O resultado disso é que passei o mês com mais serenidade, minimizando o pânico
Gilmar Marcílio
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