"Nesse lugar, estou esquecida pelos amigos, lembrada pelos inimigos, rodiada (sic) pelos falsos, pisoteada pelo diabo, mas jamais abandonada por Deus." A inscrição acima é assinada por uma mulher que se chama Kelly. Ela ficou eternizada em uma foto do fotógrafo Marcelo Casagrande na reportagem sobre as cracolândias caxienses, publicada neste jornal. Foi escrita na madeira de uma casa ocupada para consumo de drogas no bairro Euzébio Beltrão de Queiroz. Logo abaixo, outro rabisco introduz uma passagem bíblica conhecida: "Nem que eu ande pelo vale da sombra da morte." Sugere que o casebre ali, circunstancialmente, materializa ao nosso lado este endereço bíblico que sempre fustigou nossa imaginação. Como seria o vale da sombra da morte? Eis uma resposta real.
Opinião
Ciro Fabres: O rabisco de Kelly
A autora do recado introduz uma variável que nos diz respeito: sente-se "esquecida pelos amigos"
Ciro Fabres
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