Para quem acompanha minha coluna, não é novidade que sou muito, mas muito fã de tênis. É o meu esporte favorito. O tênis talvez seja a mais completa fusão entre habilidade física, condicionamento, resistência, inteligência e estratégia. Nesse momento, está acontecendo um dos torneios mais importantes, Roland Garros, em Paris, um dos quatro Grand Slams, reunindo os melhores tenistas da ATP, o circuito masculino, e da WTA, o circuito feminino.
Semana passada, na terceira rodada, o tenista australiano Alex de Minaur estava num jogo duríssimo para poder avançar às oitavas de final. No meio da torcida, um garotinho anônimo o incentivava, aplaudindo e vibrando a cada ponto, encorajando o tenista quando este falhava para que não desistisse. Resultado: de Minaur avançou às oitavas e foi para as redes sociais tentar encontrar “o garoto com o boné virado para trás”. Como agradecimento pela torcida, convidou o guri para se juntar ao seu time, no jogo seguinte, no box – o espaço especial de honra reservado aos convidados e equipe técnica do tenista, bem junto à quadra.
De Minaur brincou na coletiva de imprensa que agora vai ter que levar o seu jovem torcedor número 1 para todos os torneios da ATP, ressaltando a importância de ver alguém torcendo por ele com tanto coração: “Às vezes não tem recompensa, mas num dia como hoje, em que estou encurralado, quando tudo parece ir contra mim, consegui achar a luz no fim do túnel, e isso (a torcida do menino) significa muito. Meio que me dá a confiança de que posso vencer de novo.”
Dias depois o número 1 do mundo, Novak Djokovic, ainda estava em quadra às 3 da manhã passando um sufoco diante do jovem italiano Lorenzo Musetti. Mas havia um pequeno torcedor que gritava, incentivava ponto a ponto, olhava fixamente para o tenista de 37 anos que já conquistou 24 Grand Slams, considerado por muitos um dos melhores de todos os tempos ao lado de Roger Federer e Rafael Nadal, o famoso Big 3. Quando finalmente venceu o 5º set, mesmo exausto, Djokovic fez questão de ir até a arquibancada para dar um abraço no pequeno fã anônimo, num reconhecimento da importância de sua torcida incansável durante todas as 4 horas e meia de jogo.
Às vezes, tudo o que precisamos é de um incentivo para ir um pouco mais além, para convocar aquele resto de energia e de esperança e nos animar a seguir em frente mesmo quando tudo parece dar errado. Geralmente, essa torcida pode vir de alguém da família, de um amigo, de um colega que nos transmite palavras de encorajamento quando a gente mal consegue confiar em si mesmo. Mas há momentos em que temos torcedores improváveis, anônimos, com quem nem laços temos, mas que por razões inexplicáveis ou desconhecidas estão ali com aquele olhar camarada de incentivo. A dica que dou é torça por alguém, é mais importante do que parece, mesmo para quem parece nem precisar de torcida. Faz toda a diferença num momento em que tudo parece difícil.