Ontem (terça-feira, dia 6) fez 79 anos do desembarque das tropas aliadas nas praias da Normandia no que se conhece até hoje como Dia D (ou, ao menos, como toda população mundial deveria conhecer e saber do que se trata). O heroísmo dos soldados aliados em 6 de junho de 1944 – e todo o planejamento e o esforço que foram necessários antes dessa data – possibilitou que o mundo se livrasse do nazismo e do fascismo na época dando fim à Segunda Guerra Mundial na Europa.
Fico aqui pensando em quantas escolas, quantos professores de história, quantos meios de comunicação honraram essa data, sem dúvida uma das mais importantes da história da civilização ocidental. Infelizmente, a impressão que tenho já há alguns anos é que os fatos incontestáveis, os horrores perpetrados, heróis e mocinhos, vilões e criminosos da Segunda Guerra estão, pouco a pouco, sendo esquecidos. E se há uma verdade absoluta nessa caminhada dos seres humanos neste planeta é a de que “quem não conhece sua história está fadado a repeti-la”.
Uma das piores coisas que está acontecendo neste momento na nossa sociedade é justamente essa tendência absurda de querer reinventar, ressignificar ou até mesmo apagar a história para servir a novas narrativas e a ideologias. Nunca vou esquecer o dia em que colocaram tapumes na estátua de um dos grandes líderes dos aliados – o primeiro-ministro britânico Winston Churchill – por medo de que fosse vandalizada em meio aos protestos antirracistas em 2020. Churchill praticamente sozinho fez com que o Reino Unido mantivesse oposição a Hitler – este sim um ditador racista, fascista, antissemita, desumano e sanguinário. Enquanto muitos nobres e políticos britânicos flertavam com o Terceiro Reich, Winston Churchill ocupava a tribuna do parlamento sob vaias e xingamentos alertando para o verdadeiro perigo que o nazismo representava antes mesmo da invasão da Polônia.
Coincidentemente, ontem eu estava traduzindo um capítulo de um livro que falava, sob a perspectiva de judeus poloneses, do maior dos horrores da Segunda Guerra Mundial: o Holocausto. Não foi fácil avançar: eu precisava parar de traduzir, ler de novo, enxugar as lágrimas diante do terror que eu lia. Por isso fico incrédula com a banalização dos termos “nazista” e “fascista”: qualquer pessoa que hoje não siga à risca a cartilha da esquerda progressista insana e anacrônica é rotulada assim.
O mais irônico é que justamente essa esquerda delirante hoje apoia Vladimir Putin por puro antiamericanismo. Na madrugada de segunda para terça, a Rússia ordenou a detonação de explosivos na barragem de Nova Kakhovka, no sul da Ucrânia. Ainda não se tem exatamente a noção da extensão dos impactos ambientais e, principalmente, de quantos civis perderam seus lares e, pior, suas vidas. E os mesmos caras que desprezam o Dia D – também chamado de “o mais longo dos dias” –, os mesmos caras que insultam Winston Churchill, os mesmos caras que chamam todo mundo de “fascista” estão aí aplaudindo Putin. Revoltante.