Apesar dos balanços trimestrais melhores no ano que passou, principalmente para companhias de segmentos mais afetados na pandemia, o resultado não se reverteu no desempenho de quatro das principais empresas de capital aberto da Serra na Bolsa em 2022. A coluna conferiu o fechamento do ano para Randon, Fras-le, Marcopolo e Grendene e todas terminaram o período com queda na cotação das ações.
Entre as empresas da Serra, a maior desvalorização de ações ordinárias ocorreu com a Fras-le.
A fabricante de autopeças das Empresas Randon teve um recuo de 31% no valor de seus papéis no período de janeiro a dezembro. As demais ações do grupo, tanto as ordinárias quanto as preferenciais da Randon, apresentaram variação negativa de 28,7% e 24,5% respectivamente.
Em geral, empresas do varejo estão entre as principais quedas da Bolsa em 2022. E uma indústria da Serra que atua muito forte neste segmento também teve uma redução significativa em suas ações em 2022. A Grendene, de Farroupilha, fechou o ano passado com declínio de mais de 30%.
A Marcopolo foi a que teve o melhor desempenho entre as principais companhias de capital aberto da Serra, no ano em que teve seus melhores balanços trimestrais após o ramo de transporte coletivo ter sido fortemente afetado na pandemia. Ainda assim, terminou 2022 com um recuo de 7,21% no valor das ações.
O que motivou as quedas
Para entender um pouco mais deste cenário, a coluna buscou as próprias companhias mas, como ainda não divulgaram os balanços dos último trimestre do ano passado, só após os resultados consolidados vão poder falar sobre os números de forma geral. Mas alguns consultores do mercado financeiro traçam impressões sobre o que ocorreu em 2022 na Bolsa para a Serra.
Andreia Morello, que comanda a Safe Investimentos, escritório de Caxias do Sul da XP, analisa que as quedas nos valores das ações foram ocasionadas pela confluência de fatores negativos, como inflação, taxa de juros elevada e incertezas políticas e econômicas no mercado interno e externo que diminuíram o ímpeto por empresas com potencial de crescimento.
_ Em um momento de instabilidade política, fiscal e mundial, a tendência dos grandes investidores é a procura por empresas sólidas no mercado em vez de empresas em expansão. Todavia isso não se resume em empresas ruins, mas, sim, em empresas de longo prazo que podem valorizar mais de 300% em seis anos como a Randon fez nesse período _ exemplifica. Andreia.
Cenário macro pesou mais
Wagner Salaverry, sócio da gestora de fundos Quantitas, que acompanha de perto investimentos de indústrias da Serra, destaca que os desempenhos negativos em Bolsa em 2022 foram muito mais uma consequência do cenário macroeconômico, notadamente após as eleições, do que de situações relacionadas às empresas, especificamente.
A inflação e os juros maiores, além do endividamento elevado dos consumidores, foram determinantes para as quedas das cotações verificadas.