Com as altas temperaturas dos últimos dias e com o verão se aproximando, é chegada também a temporada dos vinhos brancos, rosés e espumantes. Ou seja, é a vez dos vinhos jovens, refrescantes e aromáticos. E a Serra se destaca na elaboração desses produtos. Uma vinícola da região hoje tem os brancos e rosés como carro-chefe de vendas, muito impulsionada por figurar entre as amostras mais representativas da Avaliação Nacional de Vinhos. É a Casa Venturini.
O rosé de Tannat, da vinícola de Flores da Cunha, pela segunda vez consecutiva, foi a amostra degustada na maior prova de vinhos às cegas do Brasil. Com isso, o rótulo ilustrado com Le Bateleur, a figura do mago lendário do Tarot de Marselha, é o mais vendido da Casa Venturini. Para revelar a alquimia para o sucesso, conversamos com o “mago” da vinícola, o enólogo José Venturini, mais conhecido como Zeca.
_ Não dá para dizer que sou o mago dos brancos e rosés, mas dá para dizer que nos esforçamos bastante para produzir sempre um vinho de qualidade, isso sim. O segredo é ter uva boa. Sem ela, não dá para fazer mágica _ destaca.
E de onde vem essa matéria-prima? Da Campanha gaúcha. Embora a acidez, tão característica dos vinhos da Serra, seja um dos principais elementos que caracterizam brancos e rosés, faz sentido eleger uma região que “amacia” os vinhos quando se trata de um Tannat. O especialista elenca, por exemplo, que a campanha tem todos os vinhedos em espaldeira, com solos bem drenados e o efeito moderador dos ventos em uma região mais quente do que a Serra.
Tannat é uma uva que é mais utilizada para vinhos tintos que, muitas vezes, precisa até acompanhamento gastronômico por conta dos taninos mais “selvagens”. Já vinificado em rosé acaba se tornando uma opção muito mais versátil para as estações mais quentes do ano. E vira um produto atrativo também por ser mais difícil de ser encontrado.
_ Muita gente não acredita e pergunta: mas é Tannat mesmo? _ confidencia o enólogo.
Ele é um varietal, ou seja, 100% Tannat. Embora as uvas venham da Campanha, a vinificação é feita na Serra. A Casa Venturini até tentou elaborar os vinhos lá, mas a estrutura e expertise para engarrafar em Flores da Cunha não se compara, segundo o enólogo. Atualmente, a Casa Venturini elabora cerca de 80 mil garrafas de vinhos finos por ano. Dois rótulos abocanham um terço das vendas de tudo que é engarrafado. Além do rosé, o destaque é um vinho branco. Zeca conta que também acabou conhecido na região como “o homem do Chardonnay”.
Para o próximo ano, a vinícola quer mostrar que também se destaca nos tintos. A empresa vai colocar no mercado uma nova linha que terá um corte vertical, ou seja, de safras diferentes, com 60% Tannat, 25% Cabernet Sauvignon e 15% Cabernet Franc. A amostra já esteve entre as 16 selecionadas na categoria Vinho Tinto Fino Seco Assemblage, na Avaliação Nacional de Vinhos em 2020.
Outra novidade é o investimento em enoturismo. Uma obra, de R$ 1,5 milhão, ampliou a área fabril da vinícola dando espaço para a futura reforma do varejo e abertura de um centro de eventos. A intenção é também explorar o espaço ao ar livre da vinícola sediada na localidade de São Gotardo para abertura aos finais de semana.