O caxiense André Tessari e Leandro Nascimento, natural de Manaus, comandam a Meta4Chain, empresa gaúcha com foco em tornar o metaverso e tecnologias imersivas mais acessíveis para negócios. A startup começou suas atividades neste ano e já desenvolveu projetos da indústria ao comércio e nichos como educação, construção civil, mercado pet e feiras.
A Meta4Chain trouxe para o seu time a empresa Studio XR, com 15 anos de experiência no mercado tecnológico e um port- fólio de clientes, como Petrobras, McLaren, Claro e Schell.
Confira, a seguir, um pouco da história do surgimento da startup, seus planos de expansão e como os sócios mostram as aplicações já possíveis.
Como um engenheiro entrou no ramo de tecnologia?
André Tessari: Eu estudei Engenharia, e depois me especializei em Segurança do Trabalho, que é a área mais humana das engenharias. Me encontrei dando treinamentos, em contato direto, sempre com esse viés de relacionamento interpessoal. Conheci a realidade de grandes corporações. Já trabalhei na Randon, na Bettanin... E na Petrobras durante os últimos 13 anos. E foi assim que acabei me juntando com uma equipe de conhecidos em Porto Alegre para fundar a Meta4Chain.
E como um caxiense foi encontrar um manauara para criar este novo negócio?
Leandro Nascimento: Eu sou de Manaus. Sou formado em Arquitetura e comecei em uma multinacional atuando na questão comercial. Depois de 16 anos, saí do mundo corporativo para a área governamental. Trabalhei em Brasília e em São Paulo. Um amigo em comum de um dos nossos sócios me trouxe até o Rio Grande do Sul. Eu disse que gostava de tecnologia, que consumia muito isso, e ligado com negócios, com desenvolvimento de novos projetos. Aí ele disse que ia me apresentar para um amigo de Porto Alegre. Eu vim para o Sul e já estou há cinco anos aqui. E, trabalhando nesse segmento, conheci o André Tessari. A Meta4Chain surgiu mais recentemente deste movimento, de um novo segmento de tecnologia mais imersiva. Na pandemia, muitos treinamentos, ocorreram dentro da realidade aumentada e virtual. E a gente chegou à conclusão: por que não desenvolver um negócio voltado para isso? A gente conseguiu fazer esse apanhando de profissionais, que já estavam voltados para o ramo de games, se voltarem para o business. No TecnoPuc, de 153 empresas, nenhuma é voltada para esse mercado de negócios. Temos que levar soluções para o pequeno e médio, para indústrias, para quem quiser inserir esse tipo de tecnologia em seus negócios.
Qual o perfil dessas empresas que atendem atualmente?
Leandro: Temos clientes em andamento, como Shell e Petrobras. Estamos para fechar com uma escuderia de Fórmula 1 pela experiência com a McLaren. Temos empresas de esporte. No varejo, fizemos produtos para a Casas Bahia. Estamos chegando em instituições de ensino, desenvolvendo soluções para laboratórios ou para complementação da grade curricular. Nosso objetivo é ampliar, é fazer com que qualquer profissional autônomo possa estar usando as tecnologias imersivas.
Tessari: A gente também entrou muito em feiras, desde a South Summit à ExpoBento. Levamos uma cabine de metaverso para aproximar as pessoas que circulam por feiras a esse mundo imersivo. Estamos com uma agenda cheia de eventos com essa cabine. Muitos empresários começam a enxergar soluções. E fazemos palestras para divulgar essas realidades mais imersivas que aproximam clientes de produto, de soluções para empresas ou mesmo porque promovem experiências.
No comércio, o metaverso parece mais fácil de ser assimilado, mas como se aplicam essas tecnologias para a indústria, por exemplo?
Tessari: O curioso é que o nosso produto inicial foi na área de treinamento. Era um boneco que entrava em uma sala de aula. Com essas tecnologias, você pode ter uma aula com o Einstein, com ele mostrando fórmulas. Você pode aprender de uma forma mais lúdica. Dentro da indústria, tem a questão de treinamento de maquinários, da segurança do trabalho.
Leandro: Você pode fazer uma manutenção teste de uma máquina com realidade aumentada. E, se você errar, vai ver o seu dedo sendo atingido, mas não é o seu dedo real. É muito legal ver a reação dos participantes. Aquilo fica na mente: “Poxa, perdi o dedo. E se fosse real?” Aquele operário que treinou vendo um acidente tem mais cuidado, presta mais atenção.
É um investimento acessível para pequenas e médias empresas?
Leandro: Há dados censitários que mostram uma média de redução de 80% da devolução de produtos das empresas que utilizam tecnologias imersivas. Até 2026, há pesquisas que mostram que 25% da população mundial vai estar no metaverso uma hora por dia. Estamos falando de mais de 2 bilhões de pessoas. Isso inclui classe A, B, C e D. Qualquer pessoa com um smartphone tem isso. O custo será acessível. Se eu sou um advogado, posso ter um novo formato de receber meu cliente. Em vez de ele acessar a página do escritório, ele pode ter um recepcionista com inteligência artificial. É um novo formato de interação. Nossa empresa estuda com o cliente como ela se adapta à sua realidade. É preciso saber como ele quer explorar, se é para agregar valor à marca ou se é para aproximar o produto do cliente. Primeiro tem que entender o que o cliente quer.
Tessari: As empresas daqui, que são familiares, com muita história para contar, e gostariam que o fundador estivesse mostrando o que criou, poderiam colocar no hall de entrada a imagem dessa pessoa recriada, tridimensionalizada. A gente quer criar experiências. São elas que aproximam, conectam e vendem. Às vezes, é para reforçar a marca, ou pode ser para vender o produto, mas é a experiência que traz as melhores vendas. A gente espera que as empresas, com suas áreas criativas, nos digam o que gostariam. A gente diz como fazer.