O mercado caxiense recebeu nesta terça-feira com surpresa (e orgulho) a informação de que o diretor geral da Marcopolo desde agosto de 2015, Francisco Gomes Neto, foi indicado para assumir o notório cargo de CEO da fabricante de aviões Embraer.
Como executivo, contribuiu fortemente com o cenário automotivo pesado, já que durante os três anos e oito meses de sua gestão precisou enfrentar a pior crise da indústria metalmecânica caxiense e, ainda, reestruturar a empresa após o incêndio que consumiu a unidade de plásticos do complexo de Ana Rech, em setembro de 2017. O episódio lamentável foi definido por ele na época como “uma infelicidade”.
O CEO não se acanhou. No mesmo dia da tragédia criou um grupo de trabalho para driblar a situação, buscou fabricantes parceiras para refazer os moldes consumidos pelas chamas e renegociou prazos de entrega dos ônibus.
Foi nesse contexto de contornar o incidente que a Marcopolo dava sinais claros de retomada do mercado, e portanto não podia perder esse embalo. Não perdeu. Nem o momento, nem os contratos e nem a confiança no mercado.
Buscou na situação força e união da equipe. Francisco gosta da coletividade, de trabalhar em grupo, de delegar responsabilidades. E foi no vigor de sua grande equipe de trabalho, que, embora amargurada pelo fechamento de postos por conta da crise, viu a empresa voltar aos trilhos. Os números foram azulando, a ponto de fechar 2018 com crescimento de 45% na receita líquida, que somou R$ 4,1 bilhões.
Em 7 de fevereiro de 2019, há dois meses, Francisco Gomes Neto solidificaria sua grande atuação na Marcopolo, ao apresentar à imprensa o moderno e avançado Centro de Fabricação, erguido no mesmo local destruído pelo fogo, com investimento estimado em R$ 70 milhões.
– De um limão, fizemos uma belíssima limonada suíça – expressou o executivo à época, ciente que o momento crítico fez florescer o sentimento de união e de volta por cima.
Seu nome saiu fortalecido no pós-caos. Sua carreira, já prolífica e internacional, só decolaria.
Mas quem é Francisco Gomes Neto? Natural de São Paulo e engenheiro eletricista, o executivo de 60 anos costumava brincar que “corre atrás das crises”, já que vivenciou a de 2009 trabalhando nos Estados Unidos. A retração americana daquela época causou impacto no mundo todo. Mesmo assim, considerou a retração no setor automotivo brasileiro dos últimos anos muito pior, “anormal”, pelo prolongamento.
Ao assumir o comando da Marcopolo em agosto de 2015, retornou ao Brasil depois de seis anos e meio na unidade da Mann Hummel, nos Estados Unidos, onde ocupava o cargo de vice-presidente para as Américas.
Em Caxias do Sul, diz ter encontrado um povo receptivo e apreciado demais a boa gastronomia. Para manter a forma e o vigor, corre em parques ou ruas bem cedo, antes de encarar mais uma jornada de números e metas, a partir das 7h30min. Quando o tempo não permite, por conta da chuva, a esteira é fiel companheira. Acorda às 5h30min e trabalha cerca de 12 horas por dia.
O nome indicado para a Embraer é graduado em Engenharia Elétrica pela UMC-SP, possui especialização pela FGV-SP, MBA pela USP e outros cursos em universidades americanas.
– Marcopolo e Caxias têm histórias que se confundem. É impressionante como essa companhia é querida. Digo sempre que sou Francisco da Marcopolo, daí até vender fiado me oferecem – brincou, em entrevista ao Pioneiro.
Francisco Gomes Neto mora em Caxias com a esposa e é pai de dois jovens, Gustavo e Matheus, que construíram suas carreiras nos EUA.
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