O dólar alto tem dois lados da moeda. O primeiro: preocupação aos turistas que viajam ao Exterior, já que o preço dos pacotes e passeios aumenta significativamente. Do outro lado, os exportadores comemoram, pois o câmbio deixa seus produtos mais competitivos e lucrativos lá fora.
Porém, há um terceiro aspecto quando se fala na alta de 18% do dólar no primeiro semestre: o impacto nos custos com matéria-prima importada na indústria, já que esse movimento reduz a margem de lucro. Repassar o aumento ao preço final das mercadorias é difícil, porque o mercado nem sempre absorve, e isso significa menos vendas. Na média, a margem líquida de lucro das grandes companhias abertas ficou em 4% em 2017, um terço dos 12,9% de 2010.
Sem gordura para queimar, depois de enfrentar uma longa recessão, as empresas tentam compensar essa matemática adiando investimentos e contratações, aponta pesquisa do Bradesco. Absorvendo a escalada de custos há 18 meses, a indústria precisa escolher entre duas variáveis: reajustar os preços finais, sob risco de vender menos e perder clientes, ou reduzir o lucro e comprometer a saúde financeira e os investimentos.