Nesta terça-feira (15), é dia dos professores e me desculpem os leitores se acharem que estou sendo piegas, mas preciso usar este espaço para agradecer duas professoras que foram fundamentais para que eu estivesse hoje aqui, escrevendo. Eu era uma adolescente muito impertinente.
Quem me vê hoje, na altura dos meus escritos e com um jeito tranquilo que falar não imagina o quanto de trabalho dei em sala de aula. Sempre muito questionadora, cheia de argumentos e tagarela que só vendo, vivia tendo minha classe trocada de lugar na sala de aula. Não adiantava porque sem fui de fazer amigos facilmente, até hoje.
Quanto mais estranho ou desconhecido melhor, adoro conhecer pessoas, escutar a história delas, contar de mim e quando menos esperamos já parece que somos amigos de longa data. Para além disso, venho de uma casa em que muito se discutia política, direitos e meu pai era um apaixonado por livros e jornalismo.
Na quinta série do ensino fundamental topei com a professora Beatriz Ariente, foi numa aula dela, de português, que escrevi minha primeira composição. Não lembro bem sobre qual era o assunto, mas lembro de ela ler meu texto para toda sala. Aquele é um dos dias mais felizes da minha vida. De repente eu descobri que era boa em alguma coisa. E não escrevo isso de modo arrogante, de modo algum. Mas falo da sensação boa de ter um reconhecimento de alguém para além do círculo familiar dizer que eu levava jeito.
A profe Beatriz, que tenho com imenso carinho até hoje, não só me apresentou as letras, me ensinou a escrever como acompanhou minha trajetória, abriu as portas de casa, fiquei amiga da sua filha e me apaixonei pelo doce mais delicioso do mundo que só ela sabe fazer, banana flambada.
Anos depois, no Ensino Médio, eu indignada com a política, decidi que iria escrever uma carta para o presidente da República da época. É preciso frisar que vivia às voltas com cadernos e canetas, registrando fatos e pensamentos, assim como faço até hoje. Escrevi a tal carta e mostrei para a profe Karla Pozenato, também de português, que disse que estava muito boa, que eu deveria mandar mesmo e, mais, eu deveria ir além, poderia escrever para um jornal que circulava pelas escolas, chamado Conexão Estudantil, que talvez eles me publicassem.
O jornal tinha como editor José Clemente Pozenato que, na época, mal sabia quem era, mas por estas coisas lindas da vida, veio a ser meu orientador de mestrado em Letras, anos depois. Tenho guardado o meu primeiro texto publicado em jornal, eu tinha 13 anos na época e é uma mistura de análise política com a dor da solidão de ser adolescente.
Nesta terça é dia dos professores e eu me tornei uma. Agradeço a elas em especial e a cada um dos que foram fundamentais na minha trajetória até aqui. E, sim, estar em sala de aula é estar num dos melhores lugares do mundo.
Vejo meu alunos crescerem, aprendendo a escrever e faço como elas fizeram comigo, leio os textos em voz alta e digo, voa, o mundo precisa de gente como vocês.