A prefeitura de Passo Fundo, no norte do RS, está testando uma nova tecnologia nas estradas da zona rural: asfalto ecológico. Os testes em 300 metros de estrada serão realizados no distrito de Santo Antônio do Capinzal, nas proximidades de um pesque e pague, a partir de quinta-feira (3).
O objetivo, segundo a secretaria de Agricultura e Desenvolvimento Rural, é analisar alternativas para melhorar as estradas de distritos e comunidades do interior do município. O experimento será totalmente custeado pela empresa Apoenna Ecco Solos, de Curitiba (PR).
Embora chamado de asfalto ecológico, o tratamento no solo não se trata de asfalto, mas de uma compactação do solo que se assemelha com a popular estrada de chão. O diferencial é a utilização de produtos 100% naturais, com origem em fibra de coco verde, que não agridem o meio ambiente e o lençol freático, além de estabilizar e impermeabilizar o solo.
Prefeitos da região serão convidados para acompanhar a aplicação do asfalto ecológico em visita guiada na sexta-feira (4), no local. Além dos testes, a prefeitura também dialoga com outras propostas de tratamento de solo de faculdades e empresas de Santa Cruz do Sul e São Paulo.
Atualmente, Passo Fundo tem 695 quilômetros de estradas rurais, segundo a pasta. Destes, cerca de 200 quilômetros passam por, em média, uma manutenção por ano, conforme a prefeitura.
O objetivo dos testes é conhecer uma nova tecnologia que promete apresentar uma durabilidade superior à atual nas estradas interioranas. A manutenção do asfalto na zona rural dura até dois anos, enquanto essa tecnologia promete até cinco anos de garantia, segundo a secretaria.
— Nós sempre temos a demanda das estradas do interior, que é permanente e constante. A comunidade pede por estradas boas, que se tenha uma boa trafegabilidade. Por isso, estamos fazendo esses testes para buscar alternativas tecnológicas. Vamos acompanhar, monitorar e avaliar se essa proposta trará um resultado positivo — disse o secretário de Agricultura e Desenvolvimento Rural, Cristiam Thans.
Como funciona o asfalto ecológico
O proprietário da ORV Representações e representante da empresa Apoenna Ecco Solos, do Paraná, Oscar Roberto Vieira, explica que a compactação do solo gera economia de aproximadamente R$ 100 por metro quadrado.
No caso de municípios que usam a compactação e piche por cima, chega a cerca de R$ 50 de diferença para o asfalto tradicional. A camada de compactação tem uma espessura entre 30 e 40 centímetros.
— A estrada em que é aplicado esse produto fica muito próxima de uma estrada de chão, mas totalmente compactada, com trafegabilidade excelente e impermeabilizada. Isso significa que, quando tem sol, não existe poeira, e quando tem chuva, não tem barro, por causa da tecnologia aplicada — disse.
Segundo Vieira, o sistema é utilizado em diversas cidades do Paraná, inclusive as que fazem parte do consórcio da Hidrelétrica de Itaipu. Ele conta que a compactação do solo é realizada para gerar uma boa trafegabilidade, além de economia aos municípios. Segundo Vieira, existe uma dificuldade de encontrar brita, pedra moledo e pó de brita.
— Depois de pronto, a trafegabilidade fica excelente com essa tecnologia. Também se pode colocar piche, com uma camada de 5 cm a 8 cm em cima, que custa muito abaixo do valor normal. Mas, claro, sabemos que tem estradas que dificilmente seriam asfaltadas, então a tecnologia compensa para o interior — pontua.