Preso na quinta-feira (7) pela Polícia Civil de Vila Maria, no norte do Estado, o homem apontado como um dos mandantes do triplo homicídio ocorrido em 2020 no bairro Cohab, Claudiomir Rizzotto, deve ser transferido de presídio entre esta sexta-feira (8) e sábado (9). A informação é da defesa do acusado, representada pelo advogado William Caceres Ribeiro.
Claudiomir e a irmã dele, Fernanda Rizzotto, estavam foragidos desde 2020, quando foram apontados pela polícia como mandantes do assassinato de três pessoas da mesma família, incluindo uma adolescente de 15 anos, em Passo Fundo.
Conforme o advogado, a transferência de casa prisional se dá pelo fato de que Claudiomir recebe ameaças desde o período em que estava foragido.
— Ele nos relatou estar com medo de ser morto e que segue recebendo ameaças — contou o advogado, que não divulgou o destino do acusado.
O advogado foi contratado para a defesa de Claudiomir após a divulgação de uma reportagem a nível nacional na qual ele e Fernanda deram detalhes sobre o caso.
Em 14 de outubro, a Polícia Civil localizou o que seria o esconderijo dos dois em uma propriedade rural de difícil acesso no interior de São Francisco de Paula, a 360 quilômetros de Passo Fundo. Fernanda foi presa na ocasião, mas Claudiomir entrou na mata e fugiu mais uma vez.
À reportagem, o advogado relatou que o homem vagou por mais de três semanas nas matas daquela região até se render na noite de quinta-feira (7), sem resistência, em Vila Maria, com a presença de familiares e dos advogados de defesa.
Conforme Ribeiro, o intuito é o acusado ter a oportunidade de esclarecer a sua não participação no crime.
— Conforme o que Claudiomir nos relatou, ele e Fernanda foram orientados inicialmente por outro advogado a fugirem, por isso ficaram tanto tempo foragidos. Nós, por outro lado, achamos melhor ele se entregar para explicar o seu lado na história e também por receio de que algo mais grave poderia acontecer com ele. Ficamos dois meses em tratativas para sua rendição, o que finalmente aconteceu nesta semana — destacou Ribeiro.
— Tivemos outras duas tentativas frustradas de rendição, onde o Claudiomir nos informava que estaria em um certo lugar e, chegando lá, não estava. Isso fez até mesmo com que a polícia começasse a ter receio quanto a operação desta semana. Porém, dessa vez deu tudo certo — completou.
Dias na mata e celular descartado
O advogado também relatou que Rizzotto vagou pela mata depois que Fernanda foi presa. Segundo o acusado, chegou a ficar seis dias sem se alimentar, tomando apenas água do rio.
Além disso, a comunicação com os advogados era feita através de telefones de terceiros, uma vez que ele jogou seu celular fora.
Quanto ao processo, o advogado disse que teve acesso aos autos nesta semana e considera que não há provas robustas contra Claudiomir.
— Precisamos entender até onde há participação dele no caso. Quantos mandantes esse crime tem? Porque não vemos provas do envolvimento direto de Claudiomir no crime, apenas fotos que ele fez da caminhonete de outro envolvido no caso, além de seu contato com o Costinha (Luciano Costa dos Santos) — disse Ribeiro.
O advogado destaca ainda que seu cliente relatou que foi procurado pela irmã, desesperada, pois desconfiava que seu marido, Eleandro, estava lhe traindo e devia contratar um detetive.
— Por trabalhar em um posto (de combustíveis), Claudiomir conhecia muitas pessoas. Foi aí que ele contratou Costinha para investigar se havia realmente essa relação extraconjugal, o que foi confirmado. Além disso, o detetive descobriu uma gravidez nessa relação. A partir de então, Fernanda e Eleandro se juntaram para finalizar o caso, onde Claudiomir não participou mais — concluiu o advogado.
Relembre o caso
Em 19 de maio de 2020, três pessoas da mesma família foram encontradas mortas dentro de casa, no bairro Cohab. As vítimas — Alessandro dos Santos, 35, sua filha Kétlyn Padia dos Santos, 15, e a tia da adolescente, Diênifer Padia, 26 — morreram por asfixia.
Dois homens cumprem pena pelo crime. Eleandro Roso, 44, foi condenado a 69 anos e seis meses de reclusão. Já Luciano Costa dos Santos, o Costinha, de 46, foi condenado a 44 anos de prisão.