O médico gaúcho condenado por homicídio de um paciente em Capinzal (SC), não deve ter o registro profissional suspenso. Antes de ser localizado e preso na última sexta-feira (13), o homem trabalhava em hospitais da região noroeste gaúcha, onde cobria escalas de plantão. O homem foi condenado a sete anos de reclusão após prescrever um medicamento que piorou o quadro do paciente de 70 anos e o levou à morte.
Mesmo após a condenação, o médico continua com o registro profissional ativo em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. À época do crime, ele chegou a ser penalizado pelo Conselho Regional de Medicina (CRM) catarinense com suspensão do exercício da medicina por 30 dias. Questionado sobre a situação atual, o órgão informou que a decisão judiciária não interfere na pena do médico.
A reportagem também entrou em contato com a assessoria do CRM do RS, que informou que não há denúncias sobre a atuação do médico no Estado. Sendo assim, quem deve atuar no caso é o CRM de Santa Catarina.
Atuou em três hospitais da região noroeste
O médico estava em São Luiz Gonzaga há pelo menos 10 meses, conforme apontou a investigação do delegado Heleno dos Santos, da Delegacia de Polícia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) da cidade.
Antes de ser preso, atuava como cirurgião-geral em hospitais da região. A reportagem identificou que ele teve passagem em pelo menos três instituições: Hospital de São Luiz Gonzaga, Hospital Vida e Saúde de Santa Rosa e Hospital São José, de Giruá.
Contatadas, todas as instituições de saúde informaram que o homem não fazia parte do corpo clínico, mas que teria trabalhado em regime de plantão nos prontos-socorros.
Foragido da polícia
Conforme informações repassadas pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina, o júri do caso ocorreu em agosto de 2023, sem a presença do médico. O mandado de prisão foi expedido em agosto deste ano e recebido pela polícia gaúcha no início da última semana.
O homem foi localizado em São Luiz Gonzaga, e fugiu após perceber a movimentação da Polícia Civil, na última sexta-feira (13). Ele foi localizado e abordado pela Polícia Rodoviária Federal na BR-285, em Passo Fundo. Após identificação, o homem foi preso e encaminhado para o Presídio Regional de Passo Fundo, onde segue até a audiência de custódia.
O que diz a defesa
GZH entrou em contato com a defesa do médico, o Escritório CIM Advogados, que informou que ainda pode recorrer da decisão, mesmo que o processo tenha encerrado e culminado na prisão do cliente. Confira abaixo a íntegra da manifestação:
"É cabível recurso no caso, ainda mais tendo em vista (ao olhar da defesa) algumas arbitrariedades acontecidas no curso do processo e que estamos buscando serem reconhecidas perante os Tribunais Superiores. O processo de fato se encerrou (tanto é que adveio a prisão), porém ainda é passível de Revisão Criminal, que acontece após encerrado o processo criminal, que, sendo reconhecido posteriormente poderá ser pleiteada a liberdade do cliente."