A Polícia Civil investiga golpes que vêm sendo aplicados a produtores rurais de Salvador das Missões e Cerro Largo, no noroeste gaúcho, em transações para a compra de gado.
Segundo a investigação, os golpistas compram gado de pequenos produtores por um valor acima do mercado e combinam o pagamento de forma parcelada. Em alguns casos, chegam a dar um valor de entrada, mas não pagam o restante. Em outras situações, os estelionatários não pagam nenhuma parcela do valor e já levam os animais.
Pelo menos 10 ocorrências do tipo foram registradas recentemente entre os dois municípios. O prejuízo estimado é de mais de R$ 500 mil. Outros casos são apurados em Tucunduva, São Miguel das Missões, Jóia e Eugênio de Castro.
Só em Salvador das Missões os golpistas levaram 30 bovinos e deixaram um prejuízo de mais de R$ 60 mil, segundo o produtor Dimas Kessler.
— O comércio aqui estava oferecendo R$ 7 pelo quilo do peso vivo, mas não pagava as nossas despesas de criação durante os 20 meses. Quando ele (o golpista) veio com uma oferta maior, nós acabamos aceitando. Na negociação, ele cumpriu a primeira parte e até fizemos contrato autenticado, mas quando chegou a primeira parcela depois de 30 dias não recebemos — conta.
Conforme a polícia, quatro pessoas são suspeitas de participação no crime — todas com antecedentes por estelionato.
O líder do grupo seria um morador de Capão da Canoa, no litoral, que também tem antecedentes por tráfico de drogas. A Polícia Civil cumpriu um mandado de busca e apreensão na casa dele e, em depoimento, ele confessou o crime. Ninguém foi preso até o momento.
Como evitar golpes
Conforme a Polícia Civil, ao identificar que caiu em um golpe, a vítima deve registrar a ocorrência imediatamente a fim de tentar recuperar o prejuízo. A demora no registro dificulta a identificação do golpista e a recuperação do gado perdido.
Antes disso acontecer, porém, algumas orientações possibilitam que o produtor drible o estelionato. São elas:
- buscar fazer negociações finais que envolvam pagamentos e entrega de gado pessoalmente;
- confirmar toda a documentação do comprador e verificar o histórico comercial dele através de órgãos oficiais;
- contatar grupos de produtores para ver se o comprador já fez negociações pela região e se os pagamentos foram realizados;
- formalizar o negócio em contrato registrado;
- confirmar se as transações bancárias se referem às pessoas que compram ou a empresa que efetuou o contrato.
