Por Julcemar Bruno Zilli, economista
Desde o final de maio, um ingrediente comum em nossas cozinhas tem surpreendido consumidores e produtores: o tomate. O fruto que figura em tantas receitas e pratos tem se comportado como uma verdadeira montanha-russa nos mercados.
Em 2023, a média ponderada pela classificação atingiu R$ 69,02 por caixa, um aumento expressivo de 47% em relação aos R$ 46,93 por caixa de 2022, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo (USP).
Essa disparidade não apenas reflete a imprevisibilidade deste mercado, mas também revisita a influência de fatores que extrapolam os limites das plantações. Por trás dessa dança de valores, reside uma explicação que lança luz sobre o turbilhão econômico: as oscilações de temperatura que têm marcado este ano.
Ora controlando a maturação do tomate com quedas na temperatura, ora impactando diretamente a oferta quando as temperaturas sobem, esse fator climático tem sido o maestro da orquestra de flutuações de preços.
Tomate no varejo
A cidade de Passo Fundo, que tem suas raízes firmemente plantadas na agricultura e na vida rural, agora se vê diante de um fenômeno que ecoa a instabilidade dos mercados globais: oscilação nos preços do tomate.
Em um cenário onde o sabor do tomate é familiar e apreciado, o aumento de 13,67% nos preços nos supermercados de Passo Fundo em julho de 2023, comparado com o mês anterior, captados pelo levantamento da cesta básica da Universidade de Passo Fundo (UPF), ressalta a volatilidade desse mercado e suas repercussões locais.
O tomate, outrora um componente acessível e onipresente nas mesas dos passo-fundenses, está agora imerso em um ciclo de flutuações econômicas que afetam diretamente o orçamento das famílias e as decisões de compra nos corredores dos supermercados.
Esse aumento, que por vezes parece misterioso e incontrolável, destaca a vulnerabilidade da cadeia de abastecimento local a fatores externos como mudanças climáticas, variações sazonais e oscilações nos mercados globais.
Enquanto observamos o preço do tomate subir nas prateleiras dos supermercados, vale a pena lembrar que essa alta de preços não é uma ocorrência isolada. Ela ecoa as tendências climáticas impactando a volatilidade de preços em uma era de incerteza econômica e ambiental. As variações abruptas nos valores dos alimentos têm um impacto real nas vidas das pessoas, especialmente naqueles que estão mais dependentes de orçamentos limitados.
A oscilação de preços do tomate em Passo Fundo e no Brasil aponta para a complexidade subjacente do mercado de alimentos e para a necessidade de uma abordagem equilibrada para enfrentar esses desafios.
Sustentabilidade
Governos, agricultores, varejistas e consumidores podem desempenhar papéis importantes na criação de sistemas de resiliência que minimizem os impactos dessas flutuações. Isso inclui investir em práticas agrícolas sustentáveis, promover a diversificação dos produtos cultivados e apoiar estratégias de armazenamento e distribuição eficazes.
Enquanto aguardamos uma estabilização nos preços do tomate e de outros alimentos, é crucial cultivar uma compreensão mais profunda das complexidades por trás dessas flutuações. Além disso, como consumidores, podemos explorar alternativas locais e sazonais, apoiando assim a economia local e reduzindo nossa própria vulnerabilidade às mudanças nos mercados globais.
As oscilações nos preços do tomate é mais do que uma simples estatística — ele é um lembrete tangível de como a economia, a natureza e a comunidade estão interligadas. Em meio a essa montanha-russa de preços, podemos encontrar oportunidades para construir resiliência, solidariedade e uma apreciação mais profunda dos alimentos que chegam às nossas mesas.
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