Passo Fundo tem 84 casos confirmados de dengue, número duas vezes maior do que o observado no último sábado (31). Do total, 64 infecções são autóctones, contraídas dentro do próprio município. Nos três primeiros meses deste ano, os números se igualam à soma de casos em todo o ano passado. As informações são do painel da dengue, da Secretaria Estadual de Saúde.
Segundo a coordenadora da Vigilância em Saúde da Secretaria de Saúde de Passo Fundo, Marisa Zanatta, é na ação da população que está a principal ação de combate à dengue:
— A conscientização das pessoas em não deixar água acumulada, em cuidar possíveis locais de sua casa que possam vir a ser criadouros é fundamental neste momento. Só isso fará com que se evite uma epidemia de dengue. A Vigilância em Saúde trabalha o ano todo com foco em orientação, além do trabalho dos agentes de endemias e a pulverização com inseticida que está intensificada nas áreas próximas a pessoas contaminadas.
Contratação de agentes de combate à endemias
Com o aumento dos casos, o papel dos agentes de combate às endemias, que são vigilância, prevenção e controle de doenças endêmicas, se torna ainda mais fundamental. São eles que visitam as residências, orientando os moradores sobre a água parada e eliminando os criadouros do mosquito da dengue.
O município conta atualmente com 30 agentes, a partir de um ajustamento realizado há alguns anos junto ao Ministério Público (MP), por meio da 4ª Promotoria de Justiça.
Segundo o secretário municipal da Saúde, João Pedro Nunes, o município pretende aumentar o número de agentes para 52, elevação de 73% no reforço contra a dengue:
— Estamos tramitando processo para viabilizar esse aumento. Nossa proposta, que deverá passar por análise técnica e jurídica, é selecionar ainda neste ano novos agentes. Quando se fala em ter a quantidade estipulada por número de residências, falando em um cenário ideal, poucos municípios no Brasil conseguem ter.
O secretário lembra que ó número permitirá a manutenção e qualificação das ações de campo:
— Nosso município sempre realizou trabalho de eficiência em relação ao controle e à prevenção do vetor. Lembro que, em 2021, municípios menores tiveram quase 2 mil casos da doença. Passo Fundo ainda mantém a série histórica dentro dos parâmetros estaduais. Além disso, mantemos diálogo constante com o Estado a respeito da situação. Já fizemos por conta o uso do inseticida em área duas vezes maior do que o recomendado pela vigilância ambiental do Estado. A orientação é de cobertura em um raio de 150 metros e realizamos em 300 metros.
A presidente do Conselho Municipal de Saúde (CMS), Leonilde Zamuner, afirma que o município necessita pelo menos 50 agentes para atuação nas quatro regiões em que a cidade foi dividida para o trabalho:
— Estamos pedindo que tenha concurso público para contratação de agentes de endemias ou que haja pelo menos uma contratação seletiva por edital o mais rápido possível.
Agente já encontrou seis criadouros com larvas em uma única visita
Roberto Schell Dossa é agente de endemias há pouco mais de três anos, período suficiente para deparar com casos preocupantes. Um deles aconteceu na semana passada. Em uma visita, localizou cinco caixas d’água e um tonel que serviam como coleta da água da chuva com larvas. Sem telas de proteção, elas se tornaram verdadeiros criadouros do mosquito da dengue.
Casos como esse são denominados pontos estratégicos, que recebem visitas quinzenais dos agentes de endemias. A intenção é orientar mudanças, como a colocação de telas e monitorar as residências de forma permanente.
Roberto é um dos 30 agentes que está fazendo a chamada visita vetorial, focada nas regiões em que há pessoas contaminadas.
— Fizemos visitas entre 150 metros e 300 metros da região onde há um caso de contaminação confirmado. Nosso trabalho é desfazer os potenciais focos para evitar que o mosquito pique esta pessoa e saia contaminando outras e para que não coloque ovos. Fizemos coletas e a identificação e, em alguns casos, a vigilância faz a pulverização nas áreas mais emblemáticas. O objetivo é tentar eliminar focos e mosquitos.
Os locais mais comuns onde as larvas são detectadas estão pneus, plantas como bromélias, caixas d’água e tonéis e a caixa dos motores de piscinas. Em 95% dos casos, as larvas encontradas são de mosquitos que transmitem a dengue.
Promotoria Pública não tem inquéritos em andamento sobre o tema
A 4ª Promotoria Pública de Passo Fundo, com atribuição em saúde pública, não conta com nenhum inquérito ou termo de ajustamento de conduta em relação à demanda por agentes de endemias no município atualmente.
Segundo informações da promotora Cristiane Cardoso, responsável pela pasta, um inquérito civil buscou apurar a falta de agentes de combate de endemias no município, mas ele acabou sendo arquivado em 2021, por constatar que o número de 30 agentes era suficiente para cobrir a demanda local.
GZH Passo Fundo
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