Adversários nas próximas duas rodadas da Divisão de Acesso 2023, Gaúcho e Passo Fundo formam o clássico conhecido como "Ga-Pas" desde 1990 e movimentam o futebol da cidade desde o bairro Boqueirão até o bairro São Cristóvão. Nas últimas posições do grupo A (Gaúcho está em 6º e o Passo Fundo em 7º), os clássicos serão fundamentais para o futuro das equipes na competição.
O primeiro confronto será neste domingo (28), às 15h, no Estádio Vermelhão da Serra, sob mando do Passo Fundo, pela sétima e última rodada do turno da Divisão de Acesso. No outro domingo (4), será a vez do Gaúcho atuar em casa, na Arena Gaúcho, às 15h30min.
A última vez que o Ga-Pas aconteceu foi em 2022, em duas partidas da primeira fase da Divisão de Acesso 2022, que valeram a taça Taça Meirelles Duarte, em homenagem aos 165 anos de Passo Fundo. Na oportunidade, o Passo Fundo venceu o Gaúcho por 1 a 0 na Arena Gaúcho. No jogo de volta, no Estádio Vermelhão da Serra, o empate em 1 a 1 garantiu o título para o Tricolor. Antes disso, os clubes ficaram 11 anos sem duelar.
Quem já fez parte do Ga-Pas
Com a necessidade de vitória dos dois lados nas próximas duas rodadas, quem já esteve em campo pelas duas equipes sabe que as semanas de clássico são diferentes. É o caso do ex-jogador profissional Adilson Barreto, que iniciou a carreira em 2003, aos 16 anos, no Gaúcho e se aposentou em 2021, aos 35 anos, no Passo Fundo.
— É sempre uma semana de alto nível de concentração para que não aconteça erros durante o clássico. Também é um momento de muita motivação, sabendo que metade da cidade pode ter um final de jogo muito feliz — afirma o ex-meia, que atuou em oito temporadas pelo Alviverde e sete temporadas pelo Tricolor.
Em momento delicado na tabela de classificação, o clássico pode ser um divisor de águas na competição, conforme aponta o ex-jogador.
— É um momento difícil para as duas equipes, estão fora da zona de classificação. Mas, dentro deste clássico, é importante ressaltar que o vencedor pode crescer na competição — pontua.
O ex-jogador Clodoaldo de Oliveira, conhecido como "Ernestina", também atuou em Gaúcho e Passo Fundo. Aposentado dos gramados desde 2011, ele tem boas recordações dos confrontos e do "frio na barriga" na semana em que antecediam os jogos. Ele atuou em clássicos pelo Passo Fundo, em 2010, e pelo Gaúcho, em 2011.
Para Ernestina, foi um privilégio ter participado de momentos da história do esporte da cidade. Ele lembra as cobranças e as brincadeiras que escutava pelas ruas da cidade em semana de clássico. Segundo o ex-atleta, todo esse "folclore" faz parte do que é o futebol.
— Joguei o clássico pelos dois lados, isso é um privilégio. É um jogo diferente, para nós que estávamos em campo, para a torcida, dirigentes. Isso mexe com a cidade, ninguém quer perder. Nas ruas, sempre tinham brincadeiras, cobranças pela vitória no clássico. Os clássicos são o que o futebol tem de bom. Era sempre bom participar — lembra.
A história do clássico
A história do clássico Ga-Pas começou em 1990, quatro anos após a fundação do Esporte Clube Passo Fundo. Mas antes mesmo do clássico intitulado Ga-Pas começar, já existia rivalidade no futebol passo-fundense, com o clássico entre 14 de Julho e Gaúcho, que movimentou o futebol do município de 1921 a 1985.
O 14 de Julho, inclusive, iniciou suas atividades com origem ao antigo Grêmio Foot Ball Club de Passo Fundo, fundado em 1918, cerca de dois meses depois do início das atividades do rival Gaúcho, conforme relembra o pesquisador de futebol e jornalista Lucas Scherer.
— Esse clássico significa manter viva uma tradição que vem desde 1918, quando Gaúcho e Grêmio (que daria origem ao 14 de Julho) entraram em campo pela primeira vez e logo despertaram paixões e rivalidade. Ou alguém imaginaria que, em um domingo de agosto de 1918, mais de 600 pessoas se reuniriam para assistir, em pé e ao redor de um gramado, a um jogo de futebol? E que isso fosse destaque no jornal da cidade, com direito a crônica da partida? — questiona.
Scherer acompanha o clássico desde a sua origem e possui o site Futebol de Passo Fundo, onde possui atualizado todos os números do duelo. Além disso, ele também é autor de livros que trazem a história do esporte na cidade, como "Bebeto - O Canhão da Serra", "Almanaque Tricolor: os 30 anos do Esporte Clube Passo Fundo" e o "Livro alviverde: os 100 anos do Sport Clube Gaúcho".
A retomada dos clássicos desde 2022 é fundamental para manter viva a rivalidade e o espírito esportivo na cidade, avalia Scherer.
— A existência do clássico Gaúcho e Passo Fundo é fundamental para o futebol da cidade. É até estranho pensar que, desde 1990, os dois clubes tenham se encontrado apenas 19 vezes — completa.
O jornalista diz que o clássico mais marcante aconteceu pelo Divisão de Acesso de 2010. Torcedor do Gaúcho, ele não ficou feliz pelo jogo e nem pelo resultado. O que marcou ele foi estar junto do pai e da mãe na arquibancada.
— Foi a primeira e única vez que fui ao estádio com meu pai e minha mãe. Não demos sorte daquela vez, mas e daí? Ainda estamos na frente no número de vitórias sobre o tricolor. E por isso aquele jogo sempre será inesquecível — finaliza Scherer.
GZH Passo Fundo
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